ONDE NASCE A SIMPLICIDADE?

Quando observamos as virtudes cristãs nos assombramos com sua grandiosidade, sua força e presença. Quando conhecemos a vida dos homens e mulheres que experimentaram a Deus, contadas pela Bíblia e pela história, nos perguntamos como nasce esta espiritualidade nas pessoas. Este grande e imponente rio da espiritualidade cristã possui uma nascente? Existe um lugar onde vemos uma nascente singela e aparentemente frágil nascendo sob as pedras?
“A vida simples é uma realidade interior que resulta num estilo de vida exterior de liberdade” Richard Foster
A simplicidade, assim como as demais virtudes nascem em nosso interior, dentro do nosso coração, para depois se tornarem ações, atitudes e comportamento. A direção para a qual corre este rio é sempre de dentro para fora. A virtude surge primeiro em nosso coração antes de se tornar exterior e visível.
“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração” Lucas 6,45
Aquilo que temos dentro de nós, na nascente do nosso coração, virá à tona mais cedo ou mais tarde e revelará quem somos de verdade. Se a simplicidade que desejamos ter não vier do nosso coração será somente uma virtude aparente, superficial e temporária.
“Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!”
“Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas.”
O “olho bom” é aquele que revela a simplicidade interior , num desejo puro por Deus e na experiência do seu amor. O “olho mau” por outro lado é ganancioso, dispersivo e insaciável.
“Pureza de coração é desejar uma única coisa” Soren Kierkegaard
A simplicidade do coração consiste em não se deixar seduzir por nada que queira nos satisfazer, mas que esteja fora de Deus.
“Ser simples é fixar os olhos unicamente na simples verdade de Deus quando todos os conceitos se mostrarem confusos e distorcidos.” Dietrich Bonhoeffer
Então nos perguntamos: De onde vem esta nossa necessidade em nos satisfazer em tantas coisas? Seria a incapacidade de nos satisfazermos em Deus? Nosso desejo insaciável por bens, realizações e status revelam que não desejamos a Deus o suficiente?
"Nenhum desejo pode ser plenamente satisfeito fora de Deus" Soren Kierkegaard
Nós só encontraremos a verdadeira satisfação em Deus; e como dizia Agostinho, nossa alma só encontrará descanso no Senhor. Talvez, por isso nossa alma seja tão dispersiva, pois ao desprezarmos a plenitude de Deus em nossa vida, precisaremos de muitas coisas para preencher este espaço deixado por Ele. O fato é, que nunca será o suficiente.
“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” João 1,14
Quando olhamos para a simplicidade de Cristo, vemos um homem que tinha uma única prioridade: honrar o Pai e se deixar ser honrado por Ele. Nada era mais importante ou relevante para Jesus. Este era seu único desejo; esta era sua única missão; e isto dava a Jesus um coração puro e a possibilidade de uma vida simples.
A nascente da simplicidade está no desejo do nosso coração por Deus
Texto inspirado na leitura do livro “A liberdade da simplicidade” de Richard Foster
Amada,
ResponderExcluirPaz!
Belíssima esta reflexão. De fato, devemos guardar nosso coração e leva-lo a desenvolver esta simplicidade que exala paz, contentamento, sujeição e amor.
Parabens!
Pr. Ivan Nunes