por Marcos Soares
Amigos, reflito com profundidade sobre esta palavra curta, mas de  longo alcance e profundos efeitos. A mais ouvida desde a fatídica  sexta-feira, dia 2 de julho de 2010. O  
“SE”, partícula condicional,  conjunção indicativa do acaso, de “no caso de”, de “eventualidade, dada  uma circunstância tal”. Em inglês, a palavra é tão pesada que fica no  meio da própria vida, de tão doída: LifE. Que poder ela tem de  tentar dar esperança quando já nada mais há que se possa fazer. Como  gostamos de nos apropriar dela, no afã de buscarmos algum consolo, como  se sua menção ou as hipóteses que ela evoca pudessem conformar corações  quebrantados pela dor e pelo sofrimento!
Se. Se a CBF não tivesse tentando fazer teste de 1º emprego com o  Dunga. 
Se o Dunga tivesse levado o Ronaldinho Gaúcho.
Se o Dunga tivesse  mexido antes no time.  
Se o Elano não tivesse se contundido. 
Se o  Ramires não tivesse levado um cartão amarelo de bobeira no jogo contra  Portugal. Se o Felipe Melo. 
Se o Felipe Melo! SE O FELIPE MELO! SE O  FELIPE MELOOOOO!!!!!!! 
Se o Dunga tivesse brigado menos e trabalhado  mais. 
Se o irmão Kaká tivesse conseguido melhorar fisicamente, apesar  de todo o esforço. 
Se concentração ganhasse campeonato.
Se a disciplina  superasse o talento. 
Se o time não tivesse ficado tão nervoso no segundo  tempo. 
Se aquela bola do Maicon tivesse entrado. 
Se o goleiro não  tivesse desviado o chute do Kaká. 
Se o Brasil tivesse um  lateral-esquerdo. 
Se o Brasil tivesse virado o primeiro tempo com 2 a 0.
Se o Júlio César tivesse gritado “Deixa!” Se o Felipe Melo, bem, se  apenas e tão somente o Felipe Melo. Principal e especialmente se o  Felipe Melo. Mas, prezados amigos, não adianta chorar.
Todos sabemos muito bem que o “se” não entra em campo. Ele não pode  ser convocado. Ele não joga. Ele não pode nos salvar. O “se” só serve  para tentar amainar o sofrimento dos derrotados ou para aplacar a ira  dos indignados. Pode, no limite, servir para corrigir erros que não  podem ser repetidos. Mas somente para a próxima vez. Para a próxima  Copa. Para o que passou, não tem “se” que resolva o problema. Nem mesmo  auxilia como o melhor de todos os consolos, uma vez que se a Argentina  não tivesse levado aquela sonora goleada, ainda teríamos que agüentar  desaforos de quem nem Tri-campeão do mundo conseguiu ser até hoje. Mas  chega de “se”. Basta. É hora de encarar a realidade. Perdemos e pronto.  Os holandeses foram melhores do que nós, no mínimo no que tange ao  equilíbrio emocional. 
Não é um time de craques, longe disso. Mas fizeram  um gol a mais no tempo regulamentar e esta é a regra do jogo. Não  existe justiça em futebol. O que vale é bola na rede (do adversário,  preferencialmente. Avisem isso ao F. Melo, por gentileza...).
Não adianta continuar com essa história de “se”. Porque se minha avó  fosse homem, eu teria três avôs. Se eu tivesse estudado mais, teria tido  mais chances na carreira. Se eu tivesse ouvido os conselhos que me  deram, não teria dado tanta cabeçada. Se tivesse sido mais fraterno,  teria mais amigos ao meu lado. Se não tivesse casado com descrente,  minha vida não estaria nesse inferno. Se não tivesse comprado por  impulso, não estaria com os cartões de crédito estourados. Se tivesse  levantado mais cedo, não teria perdido a reunião mais importante da  semana. Se orasse mais, erraria menos. Se desse valor às pessoas que tem  valor, não ficaria dependente de quem não presta. Se lesse mais a minha  Bíblia, não seria enganado por pseudo-pastores e falsos apóstolos. Se  vigiasse bastante, pecaria pouco.  
Se soubesse escolher melhor meus  amigos, não me meteria em tanta encrenca desnecessária. Se aprendesse a  dizer “não”, seria mais livre para viver e menos escravo das minhas  decisões estúpidas. Se tivesse dado mais atenção e carinho aos meus  filhos e netos, não estaria sozinho porque ninguém me aguenta.
O “se” não ganha jogo nem a vida. O “se” não me ajuda a vencer os  obstáculos nem a superar os meus limites. Especialmente aquilo que  batizei de “‘se’-póstumo”, aquele que surge no fim do jogo ou depois da  coisa acabada, seja ela qual for. Este “se” com cara de finado só me faz  projetar para um mundo de desculpas. Depois que a tampa do caixão de  fecha, não há “se” que dê jeito. Só é válido quando for dito com o  processo ainda em curso. Por exemplo, “se mudarmos isso agora,  poderemos ter resultados melhores nos próximos seis meses”. Ou “se  pararmos de perder tempo com coisas sem importância, concentraremos  nossas energias no principal”. O “se” me faz pensar no principio da  semeadura e da colheita. Se quiser colher pimentões, não adianta semear  pepinos.
Pense bem na derrota da Seleção e aprenda.
Fonte: irmaos.com 
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