uma canção para clara
O  Conde Favorino Scifi caminha agitadamente pelo palácio da família na  cidade de Assis. Ele está muito aborrecido. É que sua filha Clara não  aceita se casar. Ela tem apenas 12 anos de idade. Clara é sua filha mais  velha e acaba de perder a chance de um casamento milionário.
Mas o susto maior para a família veio seis anos depois, quando Clara  tinha 18 anos. Após ouvir um sermão de Francisco de Assis, ela colocou  na cabeça que seria freira. Assim, fugiu de casa de noite e foi,  acompanhada por sua tia Bianca, até a pequena capela de Porciúncula  encontrar-se com o Francisco e seus monges.Ali, ela trocou suas vestes ricas e coloridas por uma túnica surrada e  um capuz grosseiro. Clara também cortou seus cabelos e tornou-se uma  freira franciscana.
Como freira franciscana, Clara renunciou a todas as riquezas a que  tinha direito como filha de um conde naquela época, terras, tesouros,  vestes nobres… Francisco de Assis deixou Clara sob os cuidados das irmãs  beneditinas do convento de São Paulo em Batia.
A  família de Clara tentou trazê-la para casa, mas não conseguiu  convencê-la a quebrar os votos que ela havia feito. Foi uma decisão  difícil, mas ela sabia que era preciso seguir o plano de Deus: e achar  consolo em Sua família.
Poucos meses depois a sua irmã Agnes juntou-se a ela e tornou-se  freira também Franciscana. Isto trouxe grande alegria ao coração de  Clara.
Dessa vez o pai mandou doze homens para agarrar e trazer Agnes de  volta, à força. Clara ficou apenas orando a Deus. O pai voltou para casa  desapontado mais uma vez.
Como muitas outras mulheres foram se unindo a Clara, Francisco de  Assis reconstruiu uma casa antiga para que ali funcionasse a primeira  comunidade de mulheres franciscanas. A casa ficava fora da cidade de  Assis, perto da igreja de São Damião.
Clara foi designada para ser a abadessa da nova ordem que se chamou a  Ordem das Pobres Claras, uma comunidade marcada pela piedade e que  vivia só de esmolas que o povo dava.
Com  a morte do marido, a mãe de Clara foi se juntar à filha no convento. A  outra irmã de Clara, chamada Beatriz, e até a sua tia Bianca também se  juntaram a ela.
Muitas jovens foram se unindo à ordem das Pobres Claras. Assim, muitos mosteiros foram abertos pela Europa.
A vida de Clara foi marcada por intensa contemplação, santidade e  sabedoria. Ela reservava grande parte do seu dia para a oração e para a  meditação espiritual.
No convento, ela recebia a visita de muitas pessoas em busca de um  conselho, de uma palavra de orientação e consolo. Diversos líderes, até  mesmo líderes espirituais, buscavam as palavras sábias de Clara.
Por duas vezes Clara salvou a cidade de Assis. Certa vez a cidade foi  cercada pelas tropas do Imperador Frederico II. Eles queriam invadir a  cidade e já estavam subindo pelos muros.
Clara estava enferma, mas teve que sair da sua cama e foi até os  muros da cidade, levando consigo os sacramentos, para falar com os  soldados.
Quando  os soldados viram Clara no muro ficaram assustados e fugiram  apavorados, como se vissem algo muito sagrado. O povo da cidade ficou  muito aliviado e feliz por ter Clara morando com eles.
Mais tarde, o exército retornou sob o comando do general Vitale de  Aversa, que não tinha vindo junto na primeira vez. O general chegou com  um exército bem maior dessa vez.
Clara se ajoelhou e começou a orar a Deus pedindo socorro, e suas  irmãs ao redor dela também se ajoelharam e começaram a orar. De repente  surgiu uma grande tempestade e derrubou as barracas dos soldados,  deixando todos em pânico.
Os soldados fugiram novamente, e dessa vez não voltaram mais.
Clara ajudou Francisco de Assis em seus momentos de dúvida e angústia  espiritual. Ela insistiu para que ele continuasse sua missão junto ao  povo simples, para que ele não ficasse apenas contemplando a Deus mas  pregasse e ensinasse ao povo carente.
Depois de 27 anos de intensa vida espiritual e de uma saúde bem  frágil, Clara já não conseguia sair mais da cama, mas mesmo assim pedia  para as irmãs a ajudarem a se sentar na cama. E assim, reclinada, ela  fazia fios para que depois se fizessem roupas para os pobres.
No seu momento final, Clara estava rodeada de pessoas que amavam. Ela  pediu que lessem as Escrituras Sagradas, justamente na passagem que  fala do sofrimento de Cristo pela humanidade.
Clara noite, eu vejo cada estrela
Passeando solta nos braços do céu.
Calma lua, tão clara e sorridente
Para o meu poente por trás do seu véu.
.
Eu vejo cores por todo canto,
Eu vejo flores em cada campo
E seus odores são como o favo do mel.
O céu da noite iluminado
Parece um parque todo enfeitado
A dança leve do giro de um carrossel.
.
Cada dia, eu vejo uma constelação
De tanta gente que passa por mim.
Pés descalços, crianças indigentes
São como pingentes de um mundo sem fim.
.
Eu vejo um riso em cada rosto,
Apesar do gosto de cada dia.
Eu vejo um dia de uma alegria geral.
Eu quero todos de roupa nova,
De braços dados cantando a trova
Na dança-roda de um mundo novo e sem mal.
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