De igual modo, muitos dos nossos pastores terão que, antes de denunciar os pecados dos de fora, aprender a se desfazer das jóias de ouro que ostentam, dos ternos caríssimos que exibem, dos carros luxuosos que dirigem e padrão de vida endossado por uma teologia que, só serve para justificar a riqueza dos profetas de causa própria, enquanto uma massa de crentes é mantida no padrão social mais baixo do país. Igualmente, convém proclamar, que envergonham os céus, campanhas para levantamento de ofertas que fazem tropeçar todo e qualquer brasileiro que tem cérebro, uma vez que apelam para a ignorância e crendice, num contexto de total falta de transparência da administração financeira das contas de suas instituições.
Há certos temas que são recorrentes na maior parte dos púlpitos  brasileiros. Percebe-se a igreja, por exemplo, bastante preocupada com a  pedofilia, a lei da homofobia, o aborto, a pornografia, o divórcio. Por  motivo de integridade intelectual, não se pode crer no Novo Testamento e  menosprezar esses assuntos. A liberdade de expressão, os direitos da  criança, a santidade da vida humana, a pureza sexual e a importância do  matrimônio são valores inegociáveis do cristianismo. Teme-se que -se  essas iniquidades não forem combatidas pela igreja-, Deus julgará o seu  povo.
Temos motivos, de fato, para nos preocupar. Porém, muito  mais amplos do que o que inquieta a maior parte da igreja. Por que?  Porque essas não são as únicas transgressões que a Bíblia denuncia e  condena. Há iniquidades, tão graves quanto as supramencionadas -que  passam despercebidas por aqueles cujos nomes constam no rol de membros  das igrejas brasileiras-, e presentes de modo histórico, disseminado e  crônico no Brasil. 
Não se menciona nos nossos púlpitos a  desigualdade social, o homicídio, as péssimas condições de moradia do  pobre, a superlotação dos presídios, os salários baixos, a fome, a  condição precária dos nossos hospitais, a falta de acesso a educação de  qualidade. Como pensar que seremos julgados por Deus pela prática  daqueles pecados e não destes? O fato de uns estarem em vias de ser  institucionalizados e outros não, não faz diferença, pois jamais houve o  caso de um povo ser justificado diante de Deus pela beleza da sua  legislação. A lei sem obras é morta.
Tem que ser igualmente  enfatizado que -o juízo de Deus começa pela sua casa. O que falar dos  que dizem representar os interesses da igreja nas assembléias  legislativas estaduais e Congresso Nacional, eleitos com o voto do  crente, em campanhas realizadas no horário do culto a Deus? Alguns são  reputados como os mais reacionários, vaidosos, alienados, corruptos que  se tem notícia. Como deixar de fazer menção das igrejas que lavam  dinheiro? Como não mencionar os pastores que deixam suas congregações se  transformarem em currais eleitorais de canalhas, em troca de concessão  de rádio, aparelhagem de som, legalização de propriedade e tijolo para  construir templo? 
Não podemos deixar de deplorar as grandes  mobilizações -marchas ufanistas-, capazes de levar milhares para as  ruas, para nada, absolutamente nada. Pessoas são assassinadas aos  milhares nas cidades brasileiras, dinheiro público escoa pelo bueiro da  corrupção, metade da população habita em bairros sem rede de esgoto, e a  igreja se reúne em número incontável, nas principais cidades do Brasil,  sem anunciar que está indo para as ruas a fim de combater essas  provocações à santidade de Deus. Qual o motivo de uma passeata pelos  direitos e garantias fundamentais do povo brasileiro jamais ter sido  realizada pela igreja? A preocupação com a vida, no seu sentido mais  amplo, não está presente nos corações dos seus membros, uma vez que  estes encontram-se completamente alheios à obscenidade da violação dos  direitos humanos, muitas vezes perpetrada pelo próprio Estado.
Deixaremos  de denunciar as nossas instituições de ensino teológico, muitas das  quais, ensinam o exato oposto proclamado pelas Escrituras Sagradas, sem  ter quem faça oposição? 
De igual modo, muitos dos nossos pastores terão  que, antes de denunciar os pecados dos de fora, aprender a se desfazer  das jóias de ouro que ostentam, dos ternos caríssimos que exibem, dos  carros luxuosos que dirigem e padrão de vida endossado por uma teologia  que, só serve para justificar a riqueza dos profetas de causa própria,  enquanto uma massa de crentes é mantida no padrão social mais baixo do  país. Igualmente, convém proclamar, que envergonham os céus, campanhas  para levantamento de ofertas que fazem tropeçar todo e qualquer  brasileiro que tem cérebro, uma vez que apelam para a ignorância e  crendice, num contexto de total falta de transparência da administração  financeira das contas de suas instituições.
As afrontas a Deus em  nossa nação e na igreja são mais amplas e sérias do que pensamos. Temos  provocado a Deus. Por isso, o desrespeito da população brasileira pela  igreja, o desprezo pela função do pastor, a falta de interesse dos meios  de comunicação pelo que essa igreja pensa. Perdemos a credibilidade.  Setores inteiros da nossa sociedade não conseguem se imaginar presentes  em cultos barulhentos, onde não se fala coisa com coisa e dirigidos por  homens de vida dúbia.
As maiores ofensas a Deus que ocorrem na  nossa nação, só serão combatidas pela igreja, quando esta deixar de agir  de modo espasmódico, ingênuo, estreito, superficial. Esses batalhas não  se vencem sem evangelização que prega arrependimento para com Deus e fé  em Jesus Cristo, oração, protesto nas ruas, busca de informação,  pressão sobre as três esferas de poder da república, entre outras ações  mais, tão ausentes da praxis das igrejas do nosso país. Somos  protestantes. Atrás de nós, há uma legião de homens e mulheres que, por  crerem no que creram, protestaram. 
Enquanto nossa mensagem for  determinada por uma pregação estranha às reais demandas morais e  espirituais do Brasil, carente de relevância, pobre de pertinência  histórica, falta de discernimento dos tempos e privada de fidelidade às  Escrituras, continuaremos a deixar de pregar sobre aquilo que tão  extensamente encontramos nos textos proféticos da Bíblia, e que seria  proclamado com clareza, paixão e ousadia por qualquer profeta do passado  que estivesse em nosso lugar -homens que costumavam ser valentes não  apenas dentro do templo-, mas nos locais onde a verdade referente às  demandas do direito e da justiça tinham que fluir como um grande e  caudaloso rio.
Ministro do evangelho e presidente do movimento Rio de Paz
2 comentários:
Olá Meire,
Disse que vinha; vim e, satisfeito com o que vi, fiquei por aqui e já estou integrando o rol dos seguidores do teu magnífico espaço.
O insigne pastor Antonio Carlos já deve ter percebido que a “Ética Evangélica Brasileira”, no concernente aos insidiosos teólogos da prosperidade, está em desuso já que foi extinta pelos seus atuais profetas.
Beleza de postagem, tamanha a lucidez, a postura e a contemplação observadas na mensagem.
Gosto muito de tudo isso e convido-os a conhecer o Banco Renfã SA , administrado por renomados rufiões da prosperidade e as coisas sérias e verdadeiras, integralmente respaldadas pelas Escrituras, que relato na mensagem ‘MACACO OLHA O TEU RABO”.
Vocês devem gostar muito, pelo comentário que fizeram no Blog da Nani, sobre esta nova jogada do pastor mutante Silas Malacheia, como já é tratado na blogosfera apologética.
Eu estou à espera dos irmãos em http://albertocoutofilho.blogspot.com/
Seu conservo em Cristo
Alberto Couto Filho
Sempre existiu fome e carência de fé no povo de Deus, desde sempre e por exemplo na travessia do deserto, enquanto Moisés fora buscar a tábuas da lei e ao voltar percebeu um povo idólatra e disperso. Carência de que? De certezas. É duro crer num Deus invisível. Mais fácil é crer no bezerro de ouro.
A carência de tempos atrás, permanece entre nós e continua a refletir na nossa necessidade de materializar as coisas, na religião e nos seus bezerros de ouro.
Muitos de nós, incautamente dançamos em torno desse bezerro, fazemos nossas preces, damos nossa contribuição, nossa oferta e fazemos muito mais do que seria precavido fazermos, tudo em nome do que? Da prosperidade.
A relação de troca, você dá a Deus e Deus te devolve. Esta relação comercial injeta ânimo ao cristão, mas não dá garantia, por isto a igreja avisa: se você não chegar lá, não é porque Deus não quer, mas porque você é preguiçoso ou porque você não tem fé.
Funciona para muitos, porque as atitudes positivas e confiantes funcionam. Funcionariam também para o não crente. Seria até mais barato. Funciona para quem puder acessar esta força interna que impele a ir mais longe.
Assim, o discurso da prosperidade é apenas mais um truque das igrejas para se manterem importantes e necessárias no imaginário das pessoas, incutindo silenciosamente, quando necessário, o medo e a culpa e remindo através das grandes subvenções e concedendo a prosperidade àqueles que aceitam transicionar neste rico banco da fé.
Peço a Deus que nos dê sabedoria para vermos e sentirmos, mais longe que a espessa névoa das religiões nos permite, mais forte como se Deus, de fato, pudesse habitar em nós e estar sempre presente e nos fazer pleno e cheio do espírito, o que enfim nos deixaria plenamente satisfeitos de sua presença e da total completude de seu amor.
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