Lewis e o Sofrimento 
Encontrar C. S. Lewis em seu momento  mais amargo, triste e solitário é uma experiência tocante. Ver seus  sentimentos se misturarem com seu poder de análise, trazendo a tona um  homem de fé confuso e inconformado nos faz lembrar da nossa humanidade e  fragilidade. Nos faz lembrar que existe um lugar de dor, que todos nós,  em qualquer tempo, poderemos chegar.
Quem já leu C. S. Lewis, sejam suas  ficções, dotadas de uma certa singeleza, ou sejam seus tratados e  ensaios, repletos de argumentos claros, dissecando todo o assunto e  chegando sempre ao cerne da questão, percebe que ele está diferente. Não  completamente;  o poder de análise ainda está lá, a tentativa de uma  observação racional também.  Mas sabemos que quando a dor chega, tudo  muda. 
“A Anatomia de Uma Dor” parece ser uma ironia do  destino para C. S. Lewis, que anos antes escreveu “O Problema do  Sofrimento”, dissertando sobre os motivos do sofrimento e qual a sua  natureza. Mal ele sabia que anos mais tarde enfrentaria uma prova tão  grande: a perca da sua amada esposa Joy.
Joy era uma mulher perspicaz e  inteligente, que sempre escrevia para Lewis. Anos depois ela se mudou  para Londres, e então nasceu uma sólida amizade entre eles. Porém, o  visto de Joy estava vencendo, e para que ela pudesse permanecer no país,  em um ato solidário, Lewis se casou com ela. A partir de uma amizade  belíssima, surgiu o amor. Quando Joy foi acometida de um cancer, Lewis  realizou o casamento no religioso em um leito de hospital. Entre  melhoras e quedas, eles viveram um tempo apaixonante. Até que ela veio a  falecer.
A partir daí, sem saber como  administrar toda aquela dor, Lewis resolveu anotar os seus pensamentos a  respeito do luto. Com a esperança de que aquelas anotações pudessem  ajudar alguém no futuro que viesse sofrer o mesmo. Então surgiu “A  Anatomia de uma Dor: Um Luto em Observação”. Um verdadeiro diário do  sofrimento de Lewis.
Lewis lança questões que muitos não  tiveram coragem de dizer, mas sempre quiseram.  A cada página somos  levados a uma reflexão profunda sobre a vida, sua brevidade, e o  propósito divino de tudo isto.
Nenhum de nós espera chegar a um  estado de sofrimento tão profundo, mas sabemos que é possível. Com este  livro percebo que o sofrimento não é fim, mas o começo de uma nova  jornada. Uma jornada de conhecimento, para Deus, para si mesmo, para o  outro.
Trechos do Livro:
“Nesse meio tempo, onde está Deus? Esse é um dos sintomas mais inquietantes. Quando você está feliz, muito feliz, não faz nenhuma ideia de vir a necessitar dEle, tão feliz, que se vê tentado a sentir suas reivindicações como uma interrupção; se se lembrar e voltar a Ele com gratidão e louvor, você será – ou assim parece – recebido de braços abertos. Mas, volte-se para Ele, quando estiver em grande necessidade, quando toda outra forma de amparo for inútil, e o que você encontrará? Uma porta fechada na sua cara, ao som do ferrolho sendo passado duas vezes do lado de dentro. Depois disso, silêncio.”
“Não é possível ver nada de maneira adequada enquanto os olhos estiverem embaçados de lágrimas. Você não pode, na maioria das situações, conseguir o que deseja se o fizer desesperadamente: o resultado é que não conseguirá aproveitá-lo ao máximo.
“Aos poucos passei a sentir que a porta não está mais fechada e aferrolhada. Será que foi minha necessidade frenética que a fechou na minha cara? Quando nada há em sua alma exceto um grito de socorro tavlez seja o exato momento em que Deus não o pode atender: você é como o homem que se afoga e que não pode ser ajudado por tanto se debater. É possível que seus gritos repetidos o deixem surdo à voz que você esperava ouvir.”
A Anatomia de Uma Dor – Um  Luto em Observação, C. S. Lewis. Ed. Vida. 
Sinopse: Escrito após a  morte de sua amada recém esposa Joy, C. S. Lewis registra nesse livro  seus pensamentos mais amargos em relação ao luto. Dúvidas e observações,  para encontrar conforto em meio ao sofrimento, demonstrando que o  discurso de lamentação é um privilégio para os achegados de Deus, nunca  negando a fé e sim a lapidando-a.
Fonte:  Geração Renovada

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