sexta-feira, junho 24, 2011

Uma oração


Uma música que tem me acompanhado há algum tempo, e que já serviu como oração quando me faltaram as palavras...
Compre o cd Abrindo o Tempo e ouça essa ela clicando aqui

Quando amanhecer
Quanto mar que cabe em mim
Lanço-me sem ver
Onde os pés não podem ir
Parto sem saber
Quero adormecer ouvindo tua voz
Quantas noites meus amores
fico a proteger
Em meus pensamentos mansos
Guardo um tudo, um bem
Quando enfim buscar no alto a voz
Quando amanhecer e houver amor
Quando as mãos tocarem-se
Algo vai acontecer
Que tua paz invada
Que teu bem me afronte
Que tua verdade encontre enfim lugar
Em mim

segunda-feira, junho 20, 2011

Música "Abrindo o Tempo"

... No olhar silêncios
No amar segredos
Mesmo tendo o que tenho
Sei que o que busco
É mais que um sentir
Um sentimento só  - Maninho e Leonardo Vergara


Outro dia o Pércio, estudante de letras, tuitou: Música, de tudo o que existe e não existe uma das coisas que mais me fascina, tem um potencial imenso pra me irritar por dentro.

Não sei,  sei apenas que recebi o meu cd "Abrindo o Tempo" do cantor Maninho e estou em fase de encantamento. Não conseguiria, mesmo que tentasse, descrever o que senti quando o "carteiro chegou, e o meu nome gritou...", sei que fiquei com a caixa dos Correios nas mãos como se o tempo tivesse parado, fiquei olhando para algo de tão esperado era sagrado... 
Deixo apenas o conselho: Comprem o cd Abrindo o Tempo, está lindo demais!




A música é capaz de reproduzir em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria." (Beethoven)








sábado, junho 04, 2011

A verdadeira Música Evangélica

Tem muita coisa boa nisso tudo que temos visto e OUVIDO por aí …. E tem muita coisa absolutamente desnecessária, descartável, lixo religioso mesmo, sem medo de soar arrogante e presunçoso. Não preciso argumentar ou provar nada: peguem e ouçam . Falo de um ponto de vista teológico-espiritual ( conteúdo bíblico, coerência com o histórico ensino bíblico cristão , reformado e evangélico ) , de um ponto de vista estético ( melodias óbvias, harmonias do tipo ctrl+c, crtl+ v , letras de mau-gosto , ou seja , as formulas repetitivas dos clichês , clichês e mais clichês)  É : o BUSINESS tomou conta e as gravadoras seculares apostam no ” Gospel ” como a salvação da bancarrota fonográfica na era da pirataria e do download ilegal. ” Você adora, a Som livre vende “. Argh… Ricardo Barbosa está certíssimo : ” Quem define o que cantamos no domingo são os executivos das gravadoras”.
Essa semana, Hans Kung me acordou com um soco : “Será que tudo isso é ” Cristão” ? Só se for em um sentido tradicional, superficial, falso (…) nada disso é ” Cristão ” no sentido mais profundo, verdadeiro, original da palavra. Nada disso é verdadeiramente cristão : nada tem a ver com Cristo, em cujo nome se baseia.” ( Por que ser cristão hoje? , Ed Verus, p. 21 ) Parafraseando, nada disso, esse mercantilismo, essa macdonaldizacao do culto comunitário, esse louvor fast-food, essa droga de música e essa música-droga, ópio do povo ( basta ver quem são os principais consumidores desses cds, dvds e shows…), isso NÃO É MÚSICA EVANGÉLICA. Tudo o que for genuinamente evangélico tem de dar na forma e no conteúdo UMA BOA NOTICIA. Da parte de Deus. Isso , essa música banal, não tem (a) Beleza, isso não tem (a) Verdade. Isso não anuncia a Graça de Deus e o Deus da Graça, isso não está à serviço e à favor dos valores do Reino de Deus, isso não prega Jesus Crucificado, isso não pastoreia e edifica a sua Igreja. Isso é coisa de Mamom, é ” Dança ao redor do Bezerro de Ouro ” ( Eugene Peterson ).
Música ( e arte ) Evangélica deveriam trazer consigo SABEDORIA. Isso, arte-sabedoria, foi magistralmente sintetizado por Harold Bloom: ” esplendor estético, força intelectual e as nossas necessidades de beleza, verdade e discernimento. ” ( Onde encontrar a sabedoria ? ( Ed. Objetiva, p. 13 ) Encontro essa sabedoria nos Salmos, nos Hinos Protestantes, das letras esplendidas de Guilherme Kerr, Sergio Pimenta e Stênio Marcius.
Música ( e arte ) Evangélica deveriam trazer consigo POESIA. Poesia é susto, invenção, novidade genial, artimanha e engenhosidade criativa. Poesia, saibam os senhores, é muito mais que rimas. Poesia é olhar a vida com olhos de criança, olhos de Deus: ” Talvez o amor e a natureza foram desde muito cedo as jazidas da minha poesia”, escrever Pablo Neruda ( Confesso que vivi - memórias , Ed. Difel, p. 12 ) Poesia evangélica ? Adélia Prado responde:
” Pensava assim:
Se a cama for de ferro e as panelas,
o resto Deus provê:
é nuvem, sonho, lembranças . ”
( Terra de santa Cruz, Ed. Record, p. 43 )
Eu sei que corro perigo aqui. Por isso recorro a Ferreira Gullar: ” Não pode nenhum poeta - nem ninguém ter a pretensão de estabelecer regras e rumos para a poesia (…) a produção do poema é absolutamente impossível de prever-se. ” ( Sobre arte, sobre poesia, Ed. José Olympio, p. 157 ) Mas que a poesia da canção Evangélica requer a leveza, a originalidade e a profundidade das Parábolas de Jesus, poemas de ouro, maravilhas teológicas e literárias, ah, isso requer e não tem conversa. Encontro essa poesia nas letras subversivamente cristãs de Gladir Cabral e Paulo Nazareth ( Crombie ).
A verdadeira Música Evangélica é PARA A IGREJA E ( sobretudo ) PARA O MUNDO, A CULTURA. Pode(ria) e deve(ria) ser cantada, entoada à boca grande em todo e qualquer lugar. É como as palavras do Eclesiastes, O Livro de Jó, as Doxologias de Paulo: poemas. Verdade de Deus, tesouro do Homem. Pode ser bíblica sem citar a Bíblia? Pode. Deve. Precisa! Feito o livro de Ester, um livro cujo autor não cita Deus, a oração ” como artificio literário que visa a ressaltar o fato de que Deus é quem controla é dirige coincidências aparentemente insignificantes “, como sacou Raymond Dillard ( Bíblia NVI de estudo, Ed. Vida, p. 793 ) Palavrantiga, que banda maravilhosa! Qualquer um um pode ouvir  Carlinhos Veiga, Roberto Diamanso, Carol Gualberto, Jorge Camargo, Diego Venâncio , Glauber Plaça…
A verdadeira Música Evangélica é TRINITÁRIA : dialoga, convida, respeita o outro, compartilha, convida à Comunhão, sai do Eu, vai pro Nós ou insiste no Eu-Tu, como nos ensinou Martim Buber, filosofo judeu. A música que ouço por aí se dizendo evangélica ” formulou , nas palavras sempre surpreendentes de Eugene Peterson, ” uma nova trindade, que define o ’ eu ’ como o texto soberano para a vida (…) Pai, Filho e Espirito Santo são substituídos por uma trindade pessoal , muito individualizada , composta por meus desejos santos, minhas necessidades santas e meus sentimentos santos “. ( Maravilhosa Bíblia, Ed. Mundo Cristão, p. 47 ) Ju Bragança, Tiago Vianna, Elly Aguiar, Silvestre, Denis Campos  me convidam a adorar ao Pai por meio do Filho no poder do Espírito!
A verdadeira Música Evangélica é, como toda arte, pequena ou grande, popular ou erudita, uma DÁDIVA. Sim, ” toda obra de arte é uma doação, não uma mercadoria. As obras de arte existem simultaneamente em duas economias: a economia do mercado e a economia da doação. (…) uma obra de arte é capaz de sobreviver sem depender do mercado, mas quando não há doação não há obra de arte (…) a arte que importa para nós - a arte que toca o coração, que enleva a alma, deleita nossos sentidos, essa obra é sempre recebida como um presente. “ ( Lewis Hyde, A dádiva: como o espírito criador transforma o mundo, Ed. Civ. Brasileira, p. 13,14 )
Sim, meus caros e afetuosos amigos, eu quero ( continuar a ) fazer Música Evangélica. Será que me enquadro nesse parâmetros que a minha consiência e integridade me apontam? Poderemos resgatar das ruínas esse adjetivo tão precioso, enfiado na lama dessa industria religiosa?

Gerson Borges é pastoreador: pastor evangélico, poeta/musico e educador.
www.gersonborges.com