"... Sede pacientes na tribulação...".
Essa é a recomendação bíblica. Nas horas em que o cosmos parece se voltar contra nós, não podemos permitir que as circunstâncias adversas da vida nos roubem a paz. Qual a razão de ser dessa injunção, tão claramente ensinada em diversas passagens das Escrituras?
1. A tribulação é como uma tempestade. Vem e passa. Amigo, vai passar. Aguarde.
2. O amor de Deus também está presente nos vendavais que passam pela nossa vida. Quem disse que toda essa sorte de sofrimento é completa maldição: mal do qual não se pode tirar nenhum bem?
3. O que adianta nos rebelarmos contra o que Deus decretou? Como mudar o curso da providência? E, se nos fosse possível, seria sábio fazê-lo? Teria sido bom para José poder ter evitado a sua venda como escravo para o Egito? Valeria a pena, deixarmos de ser governados por um ser onisciente, todo-poderoso, santo e que tudo faz para a felicidade do seu povo e glória do seu nome?
Portanto, o que nos cabe fazer nas tribulações?
1. Orar. A oração arruma a vida mental, nos traz serenidade e faz-nos ver a vida pela perspectiva do otimismo-realista da fé.
2. Buscar a solidariedade humana. A simpatia de um irmão em Cristo, pode representar o sorriso de Deus para a nossa vida.
3. Evitar tomar decisão que vai afetar radicalmente o futuro da vida, sem que estejamos no melhor da nossa condição emocional e espiritual. Nessas horas sentimo-nos tentados a decidir, muitas vezes movidos pelo desejo inconsciente de fugir da fonte de sofrimento.
4. Fugir de toda autocomiseração. Falo sobre, ficar com pena de si mesmo. Quem sabe, até ao ponto de buscar consolo no pecado.
5. Aplicar a fé. A fé nunca age automaticamente. Tem que ser aplicada na nossa vida. O que vai representar sempre, a capacidade de aplicarmos o que sabemos ser verdadeiro às circunstâncias adversas da nossa dura, curta e incerta existência.
Essa é uma mensagem simples. Que estou pregando para mim mesmo, antes de tentar pregá-la para você. Essa semana está difícil. Sinto saudade de Deus. Vontade de parar tudo, ir para algum mato e ficar na presença do meu divino prazer.
A razão? Nada desesperador. Longe do que muitos irmãos de fibra estão passando, sem ceder um milímetro sequer ao mal. Sei que tudo poderia ser pior. Detesto o pecado da murmuração. Não tenho esse direito. Olho para o lado e sei que não posso chorar. Falo de agenda cheia, falta de recursos para o ministério, carência de gente disposta a trabalhar, noites mal dormidas, decisões difíceis de tomar, espanto em razão do meu contato diário com a estupidez humana, perplexidade face à futilidade de quase tudo que é feito debaixo do sol, dificuldade de regular o tempo, falta de respostas para problemas concretos, ingratidão humana, sofrimento de pessoas que me são próximas, crises crônicas de sinusite, luta contra o pecado, dificuldade de encontrar igrejas que encantem.
A lista de benção é muito mais extensa. É como sair da tenda com Abraão e tentar contar as estrelas. Mas, quem disse que a fé nos impede de sentir o calor da travessia, ter calo nos pés, ansiar por sombra, experimentar sede e desejar cruzar o Jordão para chegar em casa?
Um consolo para nós dois: percebo na experiência de muitos santos de Deus, bem como na minha própria vida, que períodos de grandes bençãos costumam ser antecedidos por grandes lutas e tentações. O que será que Deus está reservando para você e para mim?
Desde a minha infância, por causa da ligação com o mar, todos os dias fico atento ao vento. Aqui no Rio, quando sopra o sudoeste, todos sabemos que vem ressaca, frio e chuva. Quase que invariavelmente, acontece depois de alguns dias, de soprar um vento que vem de Niterói, o chamado vento-leste, que limpa o céu, traz o sol e aquieta o mar progressivamente. As noites, depois dos dias de sudoeste, são as mais belas e estreladas. O mar, bem mais azul. As montanhas, mais verdes. Pode-se ver ao longe, da Baía da Guanabara, a beleza da serra. Esses dias são os mais límpidos. A vida é de sudoestes e lestes.
Será que o vento leste da misericórdia, não está prestes a lançar para longe as nuvens grossas que o sudoeste da tribulação trouxe, a fim de que tenhamos a noite mais estrelada da história da nossa vida?
Somos crentes. Não vamos precisar matar a promessa. Deus proverá.
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