TEOLOGIA DO SEMIDEUS INCOMPETENTE
O teísmo aberto é a  teologia da irresponsabilidade divina. O futuro está aberto para Deus.  Tal como o homem, Deus presencia com surpresa o desenrolar da história  momento após momento. Acontece que ele continua sendo Deus em alguma  extensão. Ainda que não o Deus da teologia clássica, dos credos e das  grandes confissões de fé protestantes: onisciente em relação ao futuro  porque o decretou; mas, ao menos, mais poderoso do que o maior anjo  existente.
Pois bem,  um ser que é mais que o maior anjo que exista ou se possa conceber,  haverá de saber que consequencias trágicas podem ocorrer quando um mundo  de -seres absolutamente livres, sem sujeição a uma vontade soberana-, é  criado. Pais podem enterrar filhos, guerras eclodir e pessoas se  converterem por obra do acaso. O homem fica tanto privado de esperança  de sentido para a dor, quanto privado de esperança de sentido para a sua  própria felicidade. Ele haverá de se ver, ou como um azarado ou como um  sortudo. Ele só não poderá perguntar a Deus sobre o porquê do  sofrimento ou louvá-lo pela salvação, pois enquanto ambas as coisas  aconteciam, o seu deus estava no céu, sentando no trono, roendo unhas e  torcendo para tudo dar certo.
Ele é capaz de antever tudo o que é  desgraça desproposital e sem o mínimo sentido possíveis; e ao mesmo  tempo, permitir que tal aconteça, no suicídio da divindade que abre mão  das suas prerrogativas divinas, para que homens encontrem sentido num  universo que seria desprovido de significado para estes, caso a vontade  soberana de um Ser justíssimo, sapientíssimo, dulcíssimo e amorosíssimo  se cumprisse sempre. 
Antônio Carlos Costa
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