domingo, janeiro 23, 2011

Tesouros de belas bibliotecas

Tesouros de belas bibliotecas
Elas guardam livros raros e antigos manuscritos, acumulados durante séculos. Mas a belíssima arquitetura com afrescos no teto e piso de mármore também merecem um capítulo à parte
Mônica Cardoso, especial para o iG São Paulo
O ditado diz que não se julga um livro pela capa. Mas a frase não se aplica a certas bibliotecas, que cominam edifícios monumentais e um riquíssimo acervo.

Recentemente a Biblioteca Nacional, no Rio, e a do Vaticano, na Itália, abriram ao público parte de seus tesouros guardados durante séculos. Aproveite e conheça outras bibliotecas, cujas histórias renderiam bons romances.
Michal Osmenda/Flickr
Delicados afrescos decoram tetos, paredes e colunas no Vaticano
Muitas raridades da biblioteca do Vaticano ficam guardadas a sete chaves, em cofres vigiados por guardas de plantão. Mas na recém-inaugurada exposição “Conheça a biblioteca, uma história aberta ao futuro”, é possível ver de pertinho e até tocar parte da herança cultural acumulada ao longo de séculos.
São livros, manuscritos, impressos, desenhos, mapas e moedas. Destaque para os originais do Papiro Bodmer, do século 3, com a primeira transcrição dos Evangelhos de São Lucas e São João, e uma página do Alcorão do século 8.
De exemplares únicos, foram feitas cópias em altíssima qualidade para serem manuseadas. É o caso da Divina Comédia de Dante Alighieri, de 1564, ou da missa de Natal feita pelo Papa Alexandre VI, em 1492. Para se sentir um autêntico pesquisador, o visitante recebe luvas brancas de algodão. Enquanto folheia as páginas, dê uma olhadinha para o teto e contemple os belos afrescos pintados no século 16.
Já dá para sentir um gostinho até porque seria necessário dispor de muito, mas muito tempo para conhecer toda a impressionante coleção de 1,6 milhão de livros raros, 80 mil manuscritos, 150 mil impressos, desenhos e mapas, 150 mil fotografias e 300 mil moedas e medalhas.
Endereço: Praça São Pedro, Roma
Telefone: +39/06698.79402
Horário: 10h30 às 20h
Visita: A entrada na exposição custa 7 euros. A mostra segue até 31 de janeiro


FBN/Divulgação
Claraboias iluminam a elegante Biblioteca Nacional, no Rio
A Biblioteca Nacional chega aos 200 anos em ótima forma. Sua coleção que começou com 60 mil peças trazidas pela família real, conta hoje com mais de oito milhões, o que lhe dá o título de oitavo maior acervo do mundo.
A obra mais antiga é um pergaminho do século 15, com textos dos quatro evangelistas, em grego e escritos a mão. Já o exemplar em latim da Bíblia Moguncia, de 1462, com desenhada caligrafia gótica, é considerada a segunda edição mais antiga do livro cristão – e veio na bagagem dos monarcas portugueses. Mas a menina dos olhos é a primeira edição de Os Lusíadas, de Camões, datada de 1572.
A biblioteca também é famosa pelo acervo de partituras, o maior da América Latina. Merecem destaque os originais das óperas O Guarani, de Carlos Comes, e a primeira edição de Don Giovanni, de Mozart, de 1801.
Não deixe de admirar cada detalhe do elegante prédio com estátuas de bronze e escadarias de mármore, localizado no centro do Rio. Durante o dia, a luz que entra pelas claraboias dá um toque ainda mais especial. É preciso agendar uma visita para conhecer a biblioteca. Ou então, aproveite para conferir a exposição gratuita com 200 peças de seu vasto tesouro pinçadas a dedo.
Endereço: Rua México, sem número, Rio de Janeiro
Telefone: 21 3095 3879
Horário: 10 às 17h
Visita: O tour guiado custa R$ 2. Já a exposição
"Biblioteca Nacional 200 Anos: Uma Defesa do Infinito" é gratuita
Divulgação
A maior biblioteca monástica lembra uma catedral
Escondida nos Alpes austríacos, a 250 quilômetros de Viena, o majestoso edifício em estilo rococó lembra uma catedral. E não é à toa. Construída no século 18, é a maior biblioteca monástica do mundo. Nos belos afrescos do teto, que parecem ter efeito tridimensional, ciência e religião caminham juntas. Esculturas que representam o Juízo Final decoram as salas. 
Do piso de mármore branco ao teto, as paredes são forradas por livros. Boa parte do acervo são manuscritos feitos pelos monges beneditinos que viviam no mosteiro ao lado, seis séculos antes da abertura da biblioteca. Havia até uma escola para ensinar o ofício de copiar obras únicas. Até hoje, eles cuidam das obras com carinho.
Mas o local guarda outras preciosidades entre os mais de 20 mil livros. Chamam a atenção uma bíblia gigante do século 11 e a edição original da enciclopédia de Diderot e d’Alembert, de 1758.
Uma curiosidade: durante a ocupação nazista, os religiosos foram expulsos e mais de dois mil livros, saqueados. Os exemplares eram lidos pelos militares que realizavam cruéis experiências com cobaias humanas no campo de concentração de Dachau. Após a guerra, algumas obras foram devolvidas, mas carimbadas com a suástica nazista. 
Endereço: 8911 Admont
Telefone: +43 (0) 3613-2312-601
Horário: 9 às 17h
Preço: 4,30 (crianças) a 6,50 euros (adultos)


Escritório de Turismo da Espanha/Divulgação
Globos terrestres usados nas navegações espanholas decoram as salas
Percorrer as salas com estantes forradas de livros e piso de mármore quadriculado da biblioteca, a 50 quilômetros de Madri, é uma descoberta a todo instante. O teto em forma de abóboda é decorado com afrescos religiosos enquanto paredes exibem quadros de reis espanhóis. E rivalizam com telas de Ticiano, El Greco e Velásquez.
São milhares de manuscritos em árabe, latim, hebraico e grego, além de obras únicas como as Cantigas, do rei espanhol Alfonso X, do século 13, e escritos de Santa Teresa de Jesus. A joia da Coroa é o Código Áureo, com os quatro evangelhos do Novo Testamento, pesando mais de 17 quilos. Motivo? Todas as letras maiúsculas são escritas a ouro.
No Salão Alto, mapas, cartas e tratados sobre as culturas indígenas contam a história da América espanhola. Os grandes globos terrestres do século 16 foram usados para estudar as navegações e traçar rotas.
Antes de entrar na biblioteca, observe a inscrição na porta, que ameaça com a pena de excomunhão quem retirar um livro das salas. Isso porque boa parte da coleção foi perdida em um grande incêndio no século 17. Mas o edifício, construído por Felipe II, continua imponente no alto da Serra de Guadarrama, ao lado de palácios e do mosteiro de frades agostinianos, guardiães do nobre acervo.
Endereço: C/Juan de Borbon and Battemberg, s/n 28200, San Lorenzo de El Escorial
Telefone: +34-91-454-87-32
Horário: Terça a domingo, das 10 às 18h
Visita livre: 8 euros. Visita guiada: 10 euros

UC San Diego Libraries/Divulgação
Modernosa, a fachada de pirâmide invertida já foi cenário de filmes
Com formato de pirâmide de cabeça para baixo, o prédio original da biblioteca Geisel chama a atenção na Universidade da Califórnia. Projetado no fim da década de 60, pelo arquiteto William L. Pereira, o edifício futurista pode ser visto ao longo de toda a Sorrento Valley. Mas não é preciso ser estudante para conhecer o prédio que abriga quatro bibliotecas do campus.
Entre as raridades, confira o extenso acervo de manuscritos, mapas e livros sobre a colonização do oeste americano, além de romances em inglês dos séculos 16 e 17. Destaque para a cópia da Bíblia escrita a mão pelo Papa Pio VI, de 1598, e a primeira edição em inglês das Cartas do filósofo Erasmo de Roterdã, do século 16, em que critica a presença religiosa na educação.
Localizada tão perto de Hollywood, não é de estranhar que a biblioteca tenha sido cenário de vários filmes, do recente A Origem, com Leonardo de Caprio, ao trash movie Ataque dos Tomates Assassinos. Uma curiosidade: com apenas meio século de existência, 16 de seus professores já foram laureados com o Prêmio Nobel.
Endereço: 9500 Gilman Drive 0175-X, San Diego
Telefone: 858-534-3336
Horário: De segunda a quinta-feira das 7h30 a meia-noite. Sexta das 7h30 às 18h. Sábado das 10 h às 18h. Domingo, das 10 à meia-noite
Visita: Gratuita


* Preços pesquisados em novembro/2010 e sujeitos a alterações
** consulte as bibliotecas para saber a disponibilidade de vagas, possíveis taxas extras e formas de pagamento


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