OS IRMÃOS PENTECOSTAIS
Reverendo Antônio Carlos, estou fascinado com suas preleções o COMEPE, em Anápolis, pois o senhor nos mostrou que pode existir uma "fé que pensa", e nesta oportunidade, queria perguntar o que o senhor. acha do movimento pentecostal, e do verdadeiro batismo com o Esp.Santo.
O Comepe é um dos encontros mais importantes do protestantismo brasileiro, reunindo milhares de pessoas, que representam centenas de igrejas, das mais diferentes denominações, embora a maioria seja de origem pentecostal.
"Crer é também pensar", dizia John Stott. O que move uma igreja inteira quando o evangelho é pregado, é a fidelidade às Sagradas Escrituras associada à irrefutabilidade de argumentos solidamente racionais, e isso, no poder do Espírito Santo. Luz e fogo.
Compromisso com a verdade revelada e respeito ao orgão mais nobre do ser humano, que o distingue dos animais.
O movimento pentecostal é uma reação ao formalismo da igreja, ao ministério de um só homem, à perda do caráter transcendental do culto cristão e ao esquecimento da pessoa do Espírito Santo.
Contudo, o movimento pentecostal carece daquilo que, muitas vezes, o faz frustrar alguns dos seus melhores membros, e leva aos que não pertencem às suas igrejas, a levantar sérias críticas quanto ao seu padrão de espiritualidade.
Muitas das igrejas pentecostais não souberam preservar o que há de bom na cultura protestante, desconhecendo suas próprias origens, e incorrendo nos erros condenados pelos reformadores no passado. Não são poucas as igrejas pentecostais extremamente legalistas, carentes de um conceito de graça, e, consequentemente, mais católicas do que imaginam.
Falta-lhes uma maior harmonia entre doutrina, experiência e prática. Há muita ênfase posta no caráter experimental da fé, em detrimento dos elementos intelectual e prático.
Conhece-se pouco teologia na maioria das suas igrejas, e sua ética é basicamente privada, sem nenhuma perspectiva pública -por isso, que apesar de o protestantismo brasileiro ser de maioria pentecostal-, o país não muda a partir de uma mobilização popular que tenha na vanguarda a igreja. Somos a nação mais desigual do planeta, ao mesmo tempo em que há uma proliferação sem precedente de igrejas pentecostais. Vale ressaltar, que as igrejas históricas, apesar do seu glorioso passado, e da riqueza dos seus sistemas doutrinários, padecem do mesmo mal crônico: a irrelevância histórica.
Sou grato ao movimento pentecostal. Fui evangelizado por pentecostais, cresci numa atmosfera pentecostal, já orei muito com pentecostais, amo o transcendentalismo pentecostal e sinto-me honrado por receber tantos convites para pregar em igrejas pentecostais.
Na minha experiência pastoral, parece-me que é mais fácil trazer um pentecostal para a fé reformada do que botar fogo num reformado frio. O dia, contudo, em que houver um encontro entre a tradição de espiritualidade reformada e o movimento pentecostal, veremos surgir no país uma igreja culta, dinâmica, santa, livre. Consequências políticas se seguirão, universidades serão abertas, rapazes inteligentes e ungidos ocuparão os púlpitos de nossas igrejas, e o protestantismo brasileiro, terá finalmente harmonizado, doutrina, experiência e prática.
Antonio Carlos Costa
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