quarta-feira, março 31, 2010

Os Apóstolos Modernos e Suas Distorções Teológicas

Por Renato Vargens

Acredita-se que no mundo existam cerca de 10 mil “apóstolos”. Na verdade, nunca se viu tantos apóstolos como neste inicio de século. Em cada canto, em cada esquina, em cada birosca encontramos alguém reivindicando o direito de ser chamado de apóstolo.

De acordo com a coalizão internacional de apóstolos presidida por Peter Wagner, a segunda idade apostólica começou em 2001. Para Wagner, o movimento apostólico é o movimento mais importante da igreja mundial após a reforma protestante.

O movimento de restauração e o movimento apostólico:

O chamado movimento de restauração defende a tese de que Deus está restaurando a igreja. Para estes, após a morte dos primeiros apóstolos, a igreja de Cristo paulatinamente experimentou um processo de declínio espiritual culminando com a apostasia vivenciada pelos seus adeptos no período da idade média.

Com o advento da Reforma Protestante, os defensores desta teologia afirmam que Deus começou a restaurar a saúde da igreja. Segundo estes Lutero foi responsável pela redescoberta da salvação pela graça, Finney pelo vigor do avivamento, Azuza, pelo ressurgimento do batismo com Espírito Santo com evidência em falar em línguas estranhas, e agora em pleno século XXI, estamos vivendo a restauração do ministério apostólico. Os teólogos desta linha de pensamento afirmam que a restauração dos apóstolos é uma das últimas coisas a serem feitas pelo Senhor antes de sua vinda. Segundo estes, os apóstolos de hoje possuirão em alguns casos maior autoridade do que os apóstolos do primeiro século, até porque, para os defensores desta corrente de pensamento a glória da segunda casa será maior do que a primeira.

Pois é, para estes o ministério apostólico não morreu. Na verdade, tais teólogos advogam que o ministério apostólico é perpétuo e que o livro de Atos ainda continua a ser escrito por santos homens de Deus que mediante a sua autoridade apostólica agem em nome do Senhor.

Ora, inevitavelmente isto me faz lembrar os mórmons e a Igreja dos Santos dos Últimos Dias que ensinam que o corpo de escritos inspirados por Deus não se fechou, e que Deus tem muita coisa nova para dizer e para revelar aos seus santos através de seus apóstolos.

Infelizmente, assim como os mórmons, os adeptos do movimento apostólico consideram a Bíblia uma fonte importante, embora não única de fé. Para os apostólicos deste tempo, Deus através de seus profetas pode revelar coisas novas, ainda que isso se contraponha a sua Palavra. Basta olharmos para as doutrinas hodiernas que chegaremos à conclusão que os apóstolos do século XXI, acreditam entrelinhas que suas revelações são absolutamente diretivas e inquestionáveis.


Algumas doutrinas heréticas dos apóstolos modernos:


A instituição dos atos proféticos.
A ressurreição do maniqueísmo.
A instituição de novas unções.
O aparecimento de novas doutrinas espirituais relacionadas a batalha espiritual.
O surgimento de novas e inéditas revelações.
A consolidação da teologia do medo. (ungido do Senhor)
A instituição da doutrina da cobertura espiritual.
A corenelização da fé.


Existem apóstolos nos dias de hoje? Segundo a bíblia quais deveriam ser as credenciais de um apóstolo?


1. O apóstolo teria que ser testemunha do Senhor ressurreto. Em Atos vemos os apóstolos reunidos no cenáculo conversando sobre quem substituiria a Judas. No cap. 1:21-22 lemos: “É necessário pois, que, dos homens que nos acompanham todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós , começando no batismo de João, até ao dia em que dentre vós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição”. Paulo diz que viu Jesus ressurreto: “Não sou, porventura livre? Não sou apóstolo? Não vi a Jesus, Nosso Senhor?” (I Co 9:1).

2. O apóstolo tinha de ter um chamado especial da parte de Cristo para exercer este ministério.

3. O apóstolo era alguém a quem foi dada autoridade para operar milagres. Isso fica bem claro em II Co 12:12 - “Pois as credenciais do meu apostolado foram manifestados no meio de vós com toda a persistência, por sinais prodígios e poderes miraculosos”. Era como se ele dissesse: “Como vocês podem questionar meu ofício de apóstolo se as minhas credenciais foram apresentadas claramente entre vós”. Sinais, milagres e prodígios maravilhosos.

4. O apóstolo tinha autoridade para ensinar e definir a doutrina firmando as pessoas na verdade.

5. Os apóstolos tiveram autoridade para estabelecer a ordem nas igrejas. Nomeavam os presbíteros, decidiam questões disciplinares e questões doutrinárias, e falavam com autoridade do próprio Jesus: “... mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”(Jô 14:26).

A luz destas afirmações para, pense e responda sinceramente: Será que diante destas prerrogativas os famosos apóstolos brasileiros podem de fato reivindicar o título de apóstolo de Cristo?

Por acaso algum deles viu o Senhor ressurreto? Foram eles comissionados por Cristo a exercerem o ministério apostólico? Quantos dos apóstolos brasileiros ressuscitaram mortos? E suas doutrinas? Possuem elas autoridade para se contraporem aos ensinamentos bíblicos?

Pois é, infelizmente os "apóstolos" tupiniquins não possuem respostas a estas perguntas, o que corrobora com o posicionamento da ortodoxia evangélica que acredita que o ministério apostólico cessou com a morte dos apóstolos no primeiro século. Sem a menor sombra de dúvidas considero a utilização do título "apóstolo" por parte dos pastores brasileiros como uma apropriação indevida de um ministério que não existe mais.



Renato Vargens, via Púlpito Cristão

3 comentários:

Gilson disse...

Eu achava que essas figuras eram apostatas, mas cheguei a conclusão que não são, pois para apostatar tem que necessariamente ter conhecido a verdade (a porca volta ao lamaçal ou o cachorro volta ao vômito) e esses seres "cômicos" jamais tiveram esse encontro com a verdade e a salvação em Cristo.

deise disse...

Nao podemos atar nem modificar a palavra de Deus, ela chega a quem e aonde quer chegar, usa se preciso uma mula, agora estou de acordo da pessoa de auto denominar apostolo por proprio gosto, para obra de si mesmo, mas nao concordo qd o senhor diz que essa obra ja nao existe mais, existem muitos e muitos servos extremamente usados por Deus, que sim possuem as credencias de apostolos, nao podemos impedir que facam obras maiores iguais e ate maiores (aos nossos olhos naturais impossiveis) que o nosso senhor Jesus, porque amigo ta escrito, e a palavra de Deus e viva e eficaz. Despertemos e que Deus firme sua igreja na fe, para que muitos alcacem a salvacao. Que Deus abencoe

Antonio Cardoso Junior disse...

A cada dia esses "apóstolos" tem-se proliferado feito ervas daninhas.
Foi citado o texto de Atos 1:21,22. Convém atentar-nos também para Atos 1:23-26, que mostra como foi feita essa escolha.
"E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias.
E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido,
Para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar.
E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado com os onze apóstolos."
Feita essa consideração, observamos que, um novo apóstolo foi escolhido após oração e votação pelos outros apóstolos, o que nos dá a entender que ele não se autodenominou, ele foi escolhido.
Paulo, foi o único dos apóstolos que não caminhou com Jesus durante seu ministério, mas o viu, foi chamado diretamente por ele para o apostolado. A visão que Paulo teve no caminho de Damasco, não foi de um anjo, foi o próprio Cristo. Mas convém lembrar que ele teve de ter a autorização dos apóstolos para fazer parte desse ministério.
Precisamos analisar então: quem chamou esses homens para o ministério apostólico? Qual apóstolo orou para saber se Deus queria algum deles no ministério apostólico? Quantos apóstolos decidiram sobre a inclusão deles no colegiado apostólico?
Paulo, o último dos apóstolos, biblicamente falando, se considerava um "abortivo" no meio dos demais, por não ter acompanhado, como eles, o ministério de Cristo.
E esses "apóstolos" de hoje. Participaram do ministério de Cristo? Estiveram com ele? Viram a Cristo face a face?
Se a resposta a esses simples questionamentos for não, então, voltem a Bíblia.
Aqueles que pensam que qualquer um hoje pode se autodenominar apóstolo, voltem a bíblia, voltem ao evangelho puro e genuíno, onde se prega a Cristo ressurreto que salva e transforma a vida do pregador. Abandonem esse evangelho que mostra apenas um Cristo que cura e lhe dá riquezas materiais, pois esse cristo não existe.
Voltem ao evangelho da cruz.
Ah! O século XXI precisa urgentemente de crentes Bereianos, que ao ouvirem uma mensagem, examinavam as escrituras para ver se a mensagem estava correta.