Uma vida bonita
por: Tais Machado
                      O que é uma vida bonita para você? Lendo o jornal, me deparei com  a entrevista que Xinran Xue, 52 anos, a escritora chinesa mais crítica  da política de seu país. Ela comentava: “De acordo com um relatório das  Nações Unidas de 2002, cinco países tinham índices muito altos de  suicídio, entre eles a China, onde é mais frequente entre as mulheres.  Pelas minhas pesquisas isso não surpreende, porque nos anos 80 a maioria  das chinesas não sabia a  diferença entre a vida na cidade e a vida no  campo. Quando migravam para o perímetro urbano nos anos 90, acordavam e  passavam a sentir o choque cultural. Em uma das histórias do meu livro,  uma mulher trabalhava em um pequeno restaurante. Sempre que o  restaurante fazia uma festa de aniversário para uma menina, ela tentava  se matar. Quando a entrevistei, essa mulher me perguntou: ‘Por que as  meninas da cidade podem ter uma vida bonita, como os meninos? Por que  minha filha não teve vida para viver?’ Ela a tinha matado e isso se  tornou insuportável”. 
Penso que a beleza da vida se compõe, entre outras coisas, na arte de se inquietar, de inconformar-se com uma vida sem dignidade. E a Bíblia, o evangelho de Cristo, a encarnação do Filho, nos ensinam muito a esse respeito.
A pergunta, então, seria: Que evangelho e/ou qual o alcance dele em nossos dias, já que a realidade da morte ainda parece predominar diante da vida? Qual nossa compreensão de Cristo e seus ensinos se nossa prática pouco interfere nos padrões injustos, sufocantes e promotores de morte que nos rodeiam? O quanto sequer atentamos para as notícias do cotidiano a ponto de nos levar a novos e frutíferos movimentos a favor da vida? Como diz Gustavo Gutiérrez: “A pobreza e suas sequelas são o grande desafio de nosso tempo. Pobreza que, em última instância, significa morte prematura e injusta, destruidora de pessoas, famílias e nações”. A radicalidade do evangelho nos faz repensar a beleza da vida.
Penso que a beleza da vida se compõe, entre outras coisas, na arte de se inquietar, de inconformar-se com uma vida sem dignidade. E a Bíblia, o evangelho de Cristo, a encarnação do Filho, nos ensinam muito a esse respeito.
A pergunta, então, seria: Que evangelho e/ou qual o alcance dele em nossos dias, já que a realidade da morte ainda parece predominar diante da vida? Qual nossa compreensão de Cristo e seus ensinos se nossa prática pouco interfere nos padrões injustos, sufocantes e promotores de morte que nos rodeiam? O quanto sequer atentamos para as notícias do cotidiano a ponto de nos levar a novos e frutíferos movimentos a favor da vida? Como diz Gustavo Gutiérrez: “A pobreza e suas sequelas são o grande desafio de nosso tempo. Pobreza que, em última instância, significa morte prematura e injusta, destruidora de pessoas, famílias e nações”. A radicalidade do evangelho nos faz repensar a beleza da vida.
E hoje, o que seria a vida bonita de uma mulher? Quanto nossa teologia abarca seriamente tal questão? Os conceitos têm mudado? Há interesse em se estudar e abrir espaços para tais temas?
 Ao ler a escritora espanhola Rosa Montero, narrando o contexto de quase  100 anos atrás, me deparei com o fato que se mudarmos alguns poucos  detalhes, poderia valer para a descrição de nossos dias atuais.  Confiram: “O mundo era um lugar vertiginoso; a revolução tecnológica  mudava a face da Terra como um vendaval de fogo. Em meio a toda essa  mudança aparecera um novo tipo de mulher, a jovem ‘emancipada’,  ‘liberada’, duas palavras da moda. Acabaram-se os corseletes, as anáguas  até os tornozelos, os enchimentos; as moças cortavam o cabelo à la  garçonne, exibiam as pernas, eram fortes e atléticas, jogavam  tênis, dirigiam carros conversíveis, pilotavam perigosos teco-tecos.  Eram os febris e maravilhosos anos 1920, os crispados e intensos anos  1930, tempos de renovação nos quais a sociedade pensava-se a si mesma,  buscando novas formas de ser”. 
 As novas formas de ser buscadas mudaram efetivamente o quê? Remete-me à  canção do Renato Russo: “Mudaram-se as estações, nada mudou...”. O que o  filósofo francês Gilles Lipovetsky dizia em 1997 parece ainda, 13 anos  mais tarde, uma realidade próxima: “As pressões igualitárias não porão  fim às codificações sociais, aos estereótipos e às associações  imaginárias e referentes à diferença dos sexos”. A profecia se cumpriu. 
 Até aonde permitimos que o evangelho nos transforme? A coerência pode  contribuir para a beleza quando pensamos em missão. Permitamos que as  perturbações cheguem avassaladoras e que as mudanças aconteçam a partir  de nós. 
FOnte: Novos Diálogos
FOnte: Novos Diálogos

 
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