Ó, Evangélicos! Nós não precisamos abandonar nosso nome – apenas viver de acordo com ele!
Será que logo vamos ter um evangelho do Twitter com 140 caracteres?
Por Rodrigo Ribeiro Rodrigues
Nos dias de hoje, o crescimento do evangelho transformou-se em um fenômeno global. Enquanto que as igrejas mais tradicionais mudam lentamente, os chamados evangélicos tendem a dar passos mais leves, adaptando-se rapidamente às tendências culturais.
O Jesus Movement (movimento de Jesus), o movimento das igrejas nas casas, as igrejas emergentes, e tantos outras propostas diferenciadas de se fazer uma igreja nesses tempos pós-modernos crescem na América Latina, na África, no Oriente Médio – e também na América Anglossaxônica e na Europa. Parece que os cristãos estão aprendendo novas formas de ser e de fazer igreja. A ideia parece ser a mais pragmática possível: se uma técnica não funciona, então encontremos uma que funcione. Nesta onda, as bandas de louvor substituíram os órgãos e corais, as apresentações em PowerPoint e clipes de filmes animam os sermões e lanchonetes que servem café ajudam a manter os fiéis ligados.
A inovação sempre deve ser admirada, mas é preciso lembrar que imitar tendências culturais tem seu lado negativo. Em uma recente conferência para obreiros de jovens da qual participei, o louvor era um DJ tocando música techno no volume de turbina de avião, enquanto um público suado pulava e gritava correndo o risco de soar antiquado, não pude deixar de questionar a profundidade da adoração. Os seminários agora recomendam preparar sermões de 15 minutos em função do menor nível de atenção. As editoras querem livros mais finos com palavras e conceitos mais simples. Será que logo vamos ter um evangelho do Twitter com 140 caracteres?
Talvez devêssemos apresentar uma alternativa à cultura dominante ao invés de simplesmente adotá-la. Como seria a igreja que criasse um espaço para tranqüilidade e que contrariasse a tendência ao estrelismo e se desconectasse da mídia que nos cerca e que criasse uma resistência ativa contra uma cultura consumista?
Como seria a nossa adoração se fosse direcionada mais para Deus e menos para satisfazer as nossas preferências de entretenimento?
Nós temos muito a aprender com outras tradições cristãs. Apesar de todo o seu destaque atual, os evangélicos compõem uma fatia pequena do mundo. Um pouco menos de um terço do mundo se identifica como Cristão.
Destes, quase dois terços são Católicos ou Ortodoxos. Dos Cristãos restantes que compõem apenas 10 por cento da população mundial, eles resistiriam ao rótulo de evangélico.
Quando escrevi um livro sobre oração aprendi mais com os católicos do que com qualquer outro grupo. Afinal de contas eles tem dedicado ordens monásticas inteiras a praticarem a oração. Dos Ortodoxos eu aprendo sobre mistério e reverência. Na música, na adoração, na teologia eles me ensinam sobre o mysterium tremendum que acontece quando nós, meros humanos, nos aproximamos do Deus do universo.
Quando avalio o evangelicalismo, principalmente o norteamericano, eu vejo muita coisa boa, mas também vejo que há muito espaço para melhorias. A nossa história inclui a desunião – de quantas denominações diferentes são os leitores desta revista? – e um passado que inclui lapsos de ética e julgamento. Nós trouxemos energia à fé, mas também divisão. Nós celebramos a transformação do indivíduo, mas muitas vezes ficamos aquém do nosso alvo maior de transformar a sociedade.
Fico entristecido quando ouço a caricatura que a mídia faz dos evangélicos como sendo direitistas fanáticos. A palavra de Deus significa “Boas Novas” e eu tenho visto esta mensagem sendo transmitida de forma criativa e prática em mais de 50 países. Mas, eu posso ver aonde a mídia consegue encontrar os seus estereótipos. Eu tenho um arquivo com e-mails abrasadores que foram espalhados durante a eleição presidencial americana de 2008 e agora uma coleção mais recente alimentando temores sobre a reforma do sistema de saúde. Estes e-mails se somam a uma pasta maior sobre questões homossexuais. Nem sempre os Evangélicos encontraram uma maneira de combinar atos de amor com um espírito amoroso.
Em uma tendência encorajadora a divisão do Evangelho fundamentalista-social que marcou a igreja há um século, desde há muito tempo está desaparecido. Agora as organizações evangélicas lideram os esforços em ajuda humanitária e desenvolvimento, microcrédito, ministérios com HIV/AIDS e alcançando os profissionais do sexo. Eu visitei ministérios que estavam prosperando no meio de lixões na periferia de cidades como Manila, Cairo e Guatemala City. Os Evangélicos realmente levaram a sério o chamado de Jesus para cuidar dos “menores destes” (dos menos favorecidos)
Recentemente eu ouvi o seguinte relato de um amigo que visitou um bairro carente na cidade de São Paulo, Brasil. Ele estava ficando muito preocupado pois notou que os traficantes estavam guardando a comunidade com armas de fogo automáticas. Eles lhe estavam encarando, pois era um gringo que estava invadindo o seu território. “Aí então o chefão daquela vizinhança reparou na minha camiseta que tinha a logomarca de uma igreja pentecostal local. Ele abriu um sorriso bem grande: “Ó, evangélicos!” ele gritou e veio nos abraçar. Por vários anos aquela igreja havia cuidado das crianças daquela comunidade e agora éramos recebidos com alegria.”
Alguns dos meus amigos acreditam que devemos abandonar a palavra evangélico. Eu não. Simplesmente anseio para que possamos honrar o significado do nosso nome.
Com informações de Cristianismo Hoje/ Philip Yancey
O Jesus Movement (movimento de Jesus), o movimento das igrejas nas casas, as igrejas emergentes, e tantos outras propostas diferenciadas de se fazer uma igreja nesses tempos pós-modernos crescem na América Latina, na África, no Oriente Médio – e também na América Anglossaxônica e na Europa. Parece que os cristãos estão aprendendo novas formas de ser e de fazer igreja. A ideia parece ser a mais pragmática possível: se uma técnica não funciona, então encontremos uma que funcione. Nesta onda, as bandas de louvor substituíram os órgãos e corais, as apresentações em PowerPoint e clipes de filmes animam os sermões e lanchonetes que servem café ajudam a manter os fiéis ligados.
A inovação sempre deve ser admirada, mas é preciso lembrar que imitar tendências culturais tem seu lado negativo. Em uma recente conferência para obreiros de jovens da qual participei, o louvor era um DJ tocando música techno no volume de turbina de avião, enquanto um público suado pulava e gritava correndo o risco de soar antiquado, não pude deixar de questionar a profundidade da adoração. Os seminários agora recomendam preparar sermões de 15 minutos em função do menor nível de atenção. As editoras querem livros mais finos com palavras e conceitos mais simples. Será que logo vamos ter um evangelho do Twitter com 140 caracteres?
Talvez devêssemos apresentar uma alternativa à cultura dominante ao invés de simplesmente adotá-la. Como seria a igreja que criasse um espaço para tranqüilidade e que contrariasse a tendência ao estrelismo e se desconectasse da mídia que nos cerca e que criasse uma resistência ativa contra uma cultura consumista?
Como seria a nossa adoração se fosse direcionada mais para Deus e menos para satisfazer as nossas preferências de entretenimento?
Nós temos muito a aprender com outras tradições cristãs. Apesar de todo o seu destaque atual, os evangélicos compõem uma fatia pequena do mundo. Um pouco menos de um terço do mundo se identifica como Cristão.
Destes, quase dois terços são Católicos ou Ortodoxos. Dos Cristãos restantes que compõem apenas 10 por cento da população mundial, eles resistiriam ao rótulo de evangélico.
Quando escrevi um livro sobre oração aprendi mais com os católicos do que com qualquer outro grupo. Afinal de contas eles tem dedicado ordens monásticas inteiras a praticarem a oração. Dos Ortodoxos eu aprendo sobre mistério e reverência. Na música, na adoração, na teologia eles me ensinam sobre o mysterium tremendum que acontece quando nós, meros humanos, nos aproximamos do Deus do universo.
Quando avalio o evangelicalismo, principalmente o norteamericano, eu vejo muita coisa boa, mas também vejo que há muito espaço para melhorias. A nossa história inclui a desunião – de quantas denominações diferentes são os leitores desta revista? – e um passado que inclui lapsos de ética e julgamento. Nós trouxemos energia à fé, mas também divisão. Nós celebramos a transformação do indivíduo, mas muitas vezes ficamos aquém do nosso alvo maior de transformar a sociedade.
Fico entristecido quando ouço a caricatura que a mídia faz dos evangélicos como sendo direitistas fanáticos. A palavra de Deus significa “Boas Novas” e eu tenho visto esta mensagem sendo transmitida de forma criativa e prática em mais de 50 países. Mas, eu posso ver aonde a mídia consegue encontrar os seus estereótipos. Eu tenho um arquivo com e-mails abrasadores que foram espalhados durante a eleição presidencial americana de 2008 e agora uma coleção mais recente alimentando temores sobre a reforma do sistema de saúde. Estes e-mails se somam a uma pasta maior sobre questões homossexuais. Nem sempre os Evangélicos encontraram uma maneira de combinar atos de amor com um espírito amoroso.
Em uma tendência encorajadora a divisão do Evangelho fundamentalista-social que marcou a igreja há um século, desde há muito tempo está desaparecido. Agora as organizações evangélicas lideram os esforços em ajuda humanitária e desenvolvimento, microcrédito, ministérios com HIV/AIDS e alcançando os profissionais do sexo. Eu visitei ministérios que estavam prosperando no meio de lixões na periferia de cidades como Manila, Cairo e Guatemala City. Os Evangélicos realmente levaram a sério o chamado de Jesus para cuidar dos “menores destes” (dos menos favorecidos)
Recentemente eu ouvi o seguinte relato de um amigo que visitou um bairro carente na cidade de São Paulo, Brasil. Ele estava ficando muito preocupado pois notou que os traficantes estavam guardando a comunidade com armas de fogo automáticas. Eles lhe estavam encarando, pois era um gringo que estava invadindo o seu território. “Aí então o chefão daquela vizinhança reparou na minha camiseta que tinha a logomarca de uma igreja pentecostal local. Ele abriu um sorriso bem grande: “Ó, evangélicos!” ele gritou e veio nos abraçar. Por vários anos aquela igreja havia cuidado das crianças daquela comunidade e agora éramos recebidos com alegria.”
Alguns dos meus amigos acreditam que devemos abandonar a palavra evangélico. Eu não. Simplesmente anseio para que possamos honrar o significado do nosso nome.
Com informações de Cristianismo Hoje/ Philip Yancey
Via: OGalileu
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