Tenho pensado muito na forma como diversas pessoas da minha geração têm tratado a Igreja. Alguns dizem que a Igreja está suja, outros que ela está vendida, e outros ainda que ela não é “de Cristo”.
Para mim, a questão é a seguinte: estamos falando a respeito do quê? Estamos falando de nossas igrejas locais ou estamos falando da Igreja em um âmbito mais generalista? Pois há uma diferença, e não apenas isso, possivelmente há uma retratação a ser feita.
A Igreja como Algo
É possível que, ao tornar públicas as críticas à igreja, algumas pessoas estejam falando de suas comunidades locais, ou de comunidades que conheçam. É possível que estejam falando da equipe que pastoreia e administra a igreja x, y ou z. Há essa possibilidade, é claro. E nesse caso, estamos tratando a igreja como algo, e algo que está, de fato, nas mãos de homens.
Creio que a crítica nesse caso é válida, e deve ser acompanhada de ação e oração. Especialmente se você faz parte de uma comunidade pequena. A ação, em comunidades grandes, fica um pouco mais complicada. Mas se a igreja local, a comunidade, não estiver embasada nos princípios bíblicos de amor a Deus e ao próximo (uma igreja que adora a Deus e que serve ao mundo), então há algo cronicamente errado.
Muito mais do que criticar abertamente as igrejas por seus erros, é necessário que sejamos agentes de mudança. Assim como é nossa responsabilidade levar a mensagem do amor, misericórdia e da justiça de Cristo, precisamos trazer mudança (ou um retorno à suficiência de Cristo e da Palavra de Deus) à igreja. E isso nós podemos fazer orando e trabalhando (em uma adaptação livre da forma de hermenêutica aplicada por Calvino).
A Igreja como Alguém
Existe uma abordagem mais grave para a questão, e é quando tratamos a Igreja como alguém. Creio que essa é a interpretação com mais respaldo bíblico, em especial quando vemos a forma como Paulo aborda a questões das partes de um corpo (1 Coríntios 12.12-27) e também a questão do relacionamento homem-mulher, comparando-o ao relacionamento de Cristo com a Igreja (Efésios 5.22-33).
É justamente esse ponto que gostaria de utilizar.
Eu particularmente não creio que as referências a um futuro casamento de Cristo com Sua Igreja sejam alegorias, mitos. Há referências demais para negarmos isso. Cristo um dia deu Sua vida pela Igreja e nós, por isso, aguardamos Sua vinda, pois sabemos que só Ele satisfaz nossas vidas.
Para mim, o grande problema de criticar e maldizer a Igreja enquanto noiva de Cristo está justamente no fato de estarmos mexendo com a noiva de alguém. Nosso Deus é extremamente zeloso, assim como qualquer marido de bom senso, que ama e deseja sua esposa. Qualquer um de nós, homens, sabendo que nossa amada foi alvo de críticas e xingamentos não permitiria que isso continuasse impunemente. Qualquer marido que ama sua esposa não agüentaria vê-la sendo difamada publicamente sem tomar providências extremas.
Se nós agimos assim por amor, não duvido que também Deus vá, a Seu tempo, cobrar, de acordo com Sua justiça, daqueles que displicentemente desonraram Sua noiva.
Não quero com isso apresentar uma visão fatalista ou desanimadora. A questão é que a gente pinta Deus como um Deus misericordioso e amoroso (o que é completamente verdadeiro) e nos esquecemos que ao mesmo tempo Ele é justo e zeloso (o que é igualmente verdadeiro).
Só para citar o músico Derek Webb em uma das letras do seu primeiro disco solo, não dá para dizer que amamos a Cristo se não amamos a Igreja.
Naquele que morreu para sejamos um.
por Eduardo Mano
Fonte: Eduardo Mano
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