por Pedro Borges
Em uma das pregações do reverendo Ariovaldo Ramos surge uma afirmação interessante: você é aquilo em que acredita, não o aquilo que você sente.
O que isso significa? Ele explica lá, eu faço um rodapé aqui, inspirado em minhas experiências pessoais. Eu e você que me lê, certamente conhecemos pessoas que mudam ao longo dos tempos; a pessoa que conheço cujas oscilações me são mais caras sou eu mesmo. De tempos em tempos surge em mim uma pessoa egoísta, irritadiça, frágil, generosa, briguenta, fiel a Deus até às últimas consequências fuja e amedrontado da mesma forma que o Pedro apóstolo. Oscilo muito, conforme as emoções trabalham em mim.
Isso pode ser muito gostoso: posso me emocionar ao ouvir a voz de Deus, ao ler um bom poema, vendo uma bela cena na televisão ou no cinema, degustando canções inspiradas; também pode ser péssimo, pois emoções ruins do passado podem voltar à tona e me puxar para porões onde habitam rancores, raivas, frustrações, questões mal-resolvidas...
Se eu me deixar ser apenas o que sinto também fico alvo fácil de pessoas cujas intenções às vezes são boas, mas resultam catastróficas ou, o eu é pior, fico à mercê de picaretas que sabem muito bem manipular as pessoas por meio das emoções, como políticos, falsos profetas e demagogos em geral.
As palavras do Ariovaldo me deram esperança em dois sentidos. Em primeiro lugar, se eu não sou apenas o que sinto, há esperança para mim! E essa esperança não vem das minhas emoções flutuantes, mas dos valores e do Deus em quem creio e que pode e quer me ajudar a progredir. Desse modo, as tentações que cedo, os tropeços que levo, a raiva que me abraça quando vejo ou sofro injustiças, ou o medo e o egoísmo que me levam a cometer injustiças não podem me definir e não podem me destruir. Tampouco a soberba que bafeja em meu ouvido quando realizo algo que julgo ser especial. Aquele em quem acredito é quem vai me definir, me auxiliar, administrar minhas emoções, inspirar meus atos bons e censurar meus atos ruins, além de ajudar a me levantar a cada queda que eu sofra.
Ser aquilo em que acredito - e não o que sinto - também me ajuda a olhar para as pessoas de outro modo: se elas também são aquilo em que creem, a capacidade de me frustrar diminui muito, pois, apesar de eventualmente cometerem coisas que eu possa considerar grandes desatinos, sei que isso não é o que elas realmente são. Trata-se apenas de um acidente de percurso, que será prontamente curado na medida em que elas se voltarem para o mesmo Deus que, acredito, pode e quer me ajudar, pois esse Deus pode e quer ajudar a todos, e ajuda de fato aos que se aproximam Dele.
As pessoas ao nosso redor, o que vemos na rua, na televisão, em casa, na igreja, o que lemos nos livros, uma conversa ao telefone, o próprio diabo, tudo isso e muito mais são coisas que podem mexer com nossos sentimentos. Mas, quando há convicção em nossas crenças, elas se tornas fortes alicerces e nós, vistos por esse ângulo, somos pessoas mais estáveis do que imaginamos. É por isso que ainda acredito em mim (mesmo quando meus sentimentos gritam coisas horríveis ao meu respeito); é por isso que ainda acredito nas pessoas, em especial em muita gente da igreja, pois entre elas ainda há espaço para que Deus aja.
Fonte: Cristianismo Criativo
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