No começo eram só águas desgovernadas
por Cristiana SoaresUfa! Finalmente, depois de tanta mobilização no Twitter, estou aqui conseguindo escrever esse post inaugural do Projeto Enchentes. Nome provisório, layout inacabado, menu incompleto. Porque em momentos de emergência não dá para ficar sentado esperando tudo sair lindo e perfeito como a gente quer. Nessas horas, o importante é começar. E é isso o que estamos fazendo agora. Começando um projeto totalmente colaborativo, na internet, com o objetivo de prestar serviços de informação e de conexão às cidades e pessoas que vêm enfrentando as enchentes dos últimos dias.
Ontem, por volta das 23h, assistindo ao telejornal, vi cenas comoventes dos desabamentos de terra e águas em profusão que mataram pessoas. Muitas estavam dormindo no aconchego do seu lar. Muitas da mesma família ou grupos de amigos. Ao ouvir os relatos dos sobreviventes, pensei: “Já imaginou o que deve sentir uma pessoa que perde vários membros da família de uma só vez?” Não consegui nem mesmo vislumbrar uma dor assim. E minha única reação foi passiva: chorar.
Em seguida, olhei ao meu redor e lá estava eu abrigada, alimentada, na segurança da minha casa. E a poucos passos de um computador com banda larga. Foi quando me bateu uma revolta: “Para que mesmo servem as redes sociais, das quais, nós, publicitários, jornalistas e blogueiros nos orgulhamos tanto?” Quais funções realmente úteis elas teriam?
E lá fui eu para o Twitter. Comecei com esses questionamentos simples. Confesso que no começo me senti meio boba. Aquela que tem a pretensão de querer algo maior do que si mesma. E com um tantinho de vergonha, mas de forma assertiva e determinada, arrisquei minhas reflexões nos 140 caracteres.
E aí veio o mais legal: a reação das pessoas foi muito além do que eu imaginava. E em poucos minutos já havia duas hashtags rolando no Twitter. A primera: #enchentes. E uma evolução dela: #projetoenchentes.
Pronto. Eu não estava mais solitária nos meus devaneios de fazer algo, seja lá o que fosse, que pudesse ajudar, de alguma forma que fosse, aquela situação dramática.
Deixei claro logo de começo que não queria fazer assistencialismo nem caridade. Que a idéia era prestação de serviço, dentro das nossas possibilidades como profissionais da comunicação, no ambiente mais revolucionário dos últimos séculos: a internet.
Se eu fosse médica, poderia ajudar prestando serviço voluntário às vítimas. Mas sou publicitária. E nos últimos tempos tenho evitado me definir como tal, preferindo dizer que sou profissional da comunicação. O que é verdade. Mas gostaria de voltar a usar a palavra “publicitária” com mais orgulho.
Então, se sou publicitária (ou profissional da comunicação) é com esse conhecimento que posso ajudar. Eu sei escrever, articular ideias, mobilizar pessoas, informar, arranjar essas informações em um pacote e levar esse pacote a quem precisa. Além de receber e organizar as informações que os outros me trazem.
Mas tudo isso ainda é pouco perto do servição a ser feito. É preciso uma soma de outros saberes e disponibilidades. Sozinha eu não posso nada. Só chorar e lamentar. E isso, definitivamente, não é o que quero.
Depois de meia dúzia de tweets ao vento, lá veio o @micaelsilva se oferecer para fazer a plataforma, onde colocaríamos em prática as ideias, que também vieram de todos os lados.
Lá veio o @caribe, a @PatiSanches, o @jeffpaiva, a @ma_rodrigues, o @diegocasaes, a @vivianf, a @saritabastos, a @rosana, a @DanielaAF, o @AndrePaxeco, a @anarina, o @redator, a @Laura_Diz e MUITOS outros se oferecendo para participar de algum jeito (não dá para colocar todo mundo num só parágrafo).
Foi eu falar que precisávamos de um mapa sinalizando as áreas inundadas, as áreas de risco, os abrigos, os desabamentos nas estradas etc para o @ikegalli trazer em poucos minutos o mapa já com algumas sinalizações.
Então, gente, estamos assim: no começo de uma mobilização em que a participação de TODOS é bem-vinda. Vamos fazer o que pudermos. Se isso ajudar, será sensacional. Se não (o que não acredito), teremos feito nossa parte como profissionais e cidadãos. E que tal aproveitar para verificar o real poder de utilidade das redes sociais?
Vamos centralizar nesse espaço todas as informações úteis que pudermos para de alguma forma auxiliar e minimizar os transtornos e as dores causadas pelas águas desgovernadas, sendo elas originadas da própria natureza ou da intervenção do homem. Boralá?
PS: A foto que ilustra o cabeçalho desse post foi encontrada na internet por mais um colaborador. Tentamos buscar a fonte original dela, mas não conseguimos encontrar. Portanto, se alguém souber o nome do fotógrafo que fez essa foto, por favor entre em contato para que possamos dar o crédito e ter sua permissão garantida.
Fonte: Projeto Enchente
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