quinta-feira, junho 17, 2010

Fome - o ambiente da nossa corrupção

Fome - o ambiente da nossa corrupção

O homem tem fomes.

Fome de alimentos, de referências, de incidentes que o façam sair da rotina, fome de crescer, fome de conhecimento, de reconhecimento... E justamente por ser algo tão natural, é que corremos perigos constantes.


Começou no Éden a bagunça. Adão e Eva, nossos pais, de abençoados para serem frutíferos, alguém, o cão, o tinhoso, o coisa-ruim, pôs-lhes na cabeça que precisavam de algo que não tinham, convenceu-os de que ainda tinham necessidade, que ainda precisavam de algo mais: de comerem para serem abençoados (serem como Deus, possuírem poder, etc...).


A coisa se inverteu.


De já possuidores de tudo, posto que eram herdeiros de tudo que o Todo Poderoso possui, creram na balela que necessitavam de comer algo extra para terem o que julgavam não possuir e de... serem abençoados.


E por ai seguimos nós.


No nosso senso de prejuízo, de carência, de necessidade, damos com os burros n'água fazendo péssimos negócios, tratos, contratos, frutos de decisões tomadas no afogadilho e no imperativo do desespero.


Pode verificar: a moça, avançada em solterice, quase sempre se casa com o primeiro cafageste que lhe estenda a mão. O dono do carro, afogado em dívidas, vende a sua propriedade pela pior oferta, desde que esta lhe venha primeiro... O crente desesperado, abre mão do que acredita e oferece a sua alma a quem quer que lhe apareça primeiro e faça a oferta. Seja ela qual for.


Vendemos mal, compramos mal, decidimos mal, quando tudo isso vem pressionado pelo peso da urgência ditadora da falta. Não temos (ou julgamos precisar), corremos para conseguir.


Quando meditamos no que Jesus passou na sua primeira e grande provação, ao menos registrada nas Escrituras, vemos que a sua vitória não aconteceu sobre o diabo, mas sobre si mesmo - sobre o seu senso de necessidade, legítima ou não, mas daquilo tudo o que a sua carne dizia precisar. A sua vitória foi contra esse imperativo que nos pressiona e nos faz, via de regra, prejudicar.


Paulo, na sua carta aos Gálatas (4:1-7), nos lembra que, enquanto somos pequenos, imaturos, não temos ciência do que já possuímos (como filhos e herdeiros do Rei) e só vemos aquilo que o filho do servo vê - a sua necessidade. Não sabemos o que somos, só do que julgamos necessitar.
Como um bebê que não vê a mãe o amamenta e é abençoado com a identidade que comungam, mas somente a fonte - em primeiro plano - o seio, de onde vem o alimento, de quem quer que o tenha... Assim muitos de nós temos ainda uma relação pobre, miserável tanto quanto o nosso senso de necessidade nos dita com Aquele que é o Senhor de tudo e de todos.


Ninguém se lembra do que o mesmo apóstolo afirmou em Efésios (1:3): "fomos (já) abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo".


Por isso, vai dai, que as nossas TVs estão inundadas por esses apelos e de gente à cata de bênçãos. E chamam a isso de fé. E vão-se mais e mais, caminhando atrás do primeiro seio, da primeira mão que os alimentar. Como aliás aconteceu naquele dia no jardim e que podia acontecer, se Jesus tivesse se dobrado ao diabo, no deserto.


Que Deus nos livre desse imperativo. E nos faça crescer Nele.

“ Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo; (…) Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.” Gl 4:1,3-7

por: Rubinho Pirola

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