sábado, julho 10, 2010

CRISTÃO RELUTANTE

CRISTÃO RELUTANTE

Sala de Estar
Nada como um bom título de CD, quadro ou livro. É feito cereja no bolo.
Foi a impressão que tive quando li a obra de Donald Spoto,  cujo título não poderia ser mais apropriado: Francisco de Assis, o Santo Relutante.…
Nada como um bom título de CD, quadro ou livro. É feito cereja no bolo.
Foi a impressão que tive quando li a obra de Donald Spoto,  cujo título não poderia ser mais apropriado: Francisco de Assis, o Santo Relutante.
Um santo homem que dispensou o título, talvez por não achar-se digno dele.
Ou talvez por sua indiferença às instituições, seu desapego radical a tudo o que se cristaliza e acaba engessado.
Mas aí pensei em meu próprio bolo, minha trajetória de vida.
E o subtítulo da biografia de São Francisco me fez pensar em um subtítulo para a minha. 

Uma cereja nem um pouco saborosa.
Aí cheguei a esse aí em cima, “cristão relutante”.
Antes que me ataquem pedras (o mundo virtual é um lugar perfeito para esse tipo de comportamento), meu problema não é com Deus. Lembrei de uma canção do Keith Green (1953-1982), músico e compositor norte-americano que chacoalhou o ambiente da música cristã de lá no final da década de 1970, início da de 1980, intitulada “How can they live without Jesus?” (Como eles podem viver sem Jesus?):

Cause phonies have come
And wrongs been done
Even killing in Jesus´ name
And if you´ve been burned
It´s what I´ve learned
The Lord´s not the one to blame
Em tradução bem livre, o que ele diz é o seguinte:
Porque impostores têm vindo
Erros têm sido cometidos
Até mesmo matar-se em nome de Jesus
E se você tem se ‘decepcionado’
O que eu tenho aprendido
É que não devemos colocar a culpa em Deus

Minha relutância não é em relação à pessoa e à mensagem de Jesus. Amor ao próximo, misericórdia, generosidade, compaixão, sensibilidade, bom senso, a esses pensamentos, sentimentos e atos transbordando numa pessoa, não há coração de pedra que resista.
Minha relutância é ao que tem sido feito de tudo isso.
Empreendimentos milionários, organizações gigantescas, instituições burocráticas, templos suntuosos e na maioria das vezes inúteis parecem não combinar, não fazer sentido à luz da mensagem-pessoa.
Diante desse cenário esquizofrênico, talvez nos reste o silêncio.
E o sábio conselho do relutante Francisco, “prega o evangelho, se for preciso, use palavras.”

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