sábado, julho 24, 2010

uma canção para clara

uma canção para clara

O Conde Favorino Scifi caminha agitadamente pelo palácio da família na cidade de Assis. Ele está muito aborrecido. É que sua filha Clara não aceita se casar. Ela tem apenas 12 anos de idade. Clara é sua filha mais velha e acaba de perder a chance de um casamento milionário.
st-clara1Mas o susto maior para a família veio seis anos depois, quando Clara tinha 18 anos. Após ouvir um sermão de Francisco de Assis, ela colocou na cabeça que seria freira. Assim, fugiu de casa de noite e foi, acompanhada por sua tia Bianca, até a pequena capela de Porciúncula encontrar-se com o Francisco e seus monges.
Ali, ela trocou suas vestes ricas e coloridas por uma túnica surrada e um capuz grosseiro. Clara também cortou seus cabelos e tornou-se uma freira franciscana.
Como freira franciscana, Clara renunciou a todas as riquezas a que tinha direito como filha de um conde naquela época, terras, tesouros, vestes nobres… Francisco de Assis deixou Clara sob os cuidados das irmãs beneditinas do convento de São Paulo em Batia.
A família de Clara tentou trazê-la para casa, mas não conseguiu convencê-la a quebrar os votos que ela havia feito. Foi uma decisão difícil, mas ela sabia que era preciso seguir o plano de Deus: e achar consolo em Sua família.
Poucos meses depois a sua irmã Agnes juntou-se a ela e tornou-se freira também Franciscana. Isto trouxe grande alegria ao coração de Clara.
Dessa vez o pai mandou doze homens para agarrar e trazer Agnes de volta, à força. Clara ficou apenas orando a Deus. O pai voltou para casa desapontado mais uma vez.
Como muitas outras mulheres foram se unindo a Clara, Francisco de Assis reconstruiu uma casa antiga para que ali funcionasse a primeira comunidade de mulheres franciscanas. A casa ficava fora da cidade de Assis, perto da igreja de São Damião.
Clara foi designada para ser a abadessa da nova ordem que se chamou a Ordem das Pobres Claras, uma comunidade marcada pela piedade e que vivia só de esmolas que o povo dava.
Com a morte do marido, a mãe de Clara foi se juntar à filha no convento. A outra irmã de Clara, chamada Beatriz, e até a sua tia Bianca também se juntaram a ela.
Muitas jovens foram se unindo à ordem das Pobres Claras. Assim, muitos mosteiros foram abertos pela Europa.
A vida de Clara foi marcada por intensa contemplação, santidade e sabedoria. Ela reservava grande parte do seu dia para a oração e para a meditação espiritual.
No convento, ela recebia a visita de muitas pessoas em busca de um conselho, de uma palavra de orientação e consolo. Diversos líderes, até mesmo líderes espirituais, buscavam as palavras sábias de Clara.
Por duas vezes Clara salvou a cidade de Assis. Certa vez a cidade foi cercada pelas tropas do Imperador Frederico II. Eles queriam invadir a cidade e já estavam subindo pelos muros.
Clara estava enferma, mas teve que sair da sua cama e foi até os muros da cidade, levando consigo os sacramentos, para falar com os soldados.
Quando os soldados viram Clara no muro ficaram assustados e fugiram apavorados, como se vissem algo muito sagrado. O povo da cidade ficou muito aliviado e feliz por ter Clara morando com eles.
Mais tarde, o exército retornou sob o comando do general Vitale de Aversa, que não tinha vindo junto na primeira vez. O general chegou com um exército bem maior dessa vez.
Clara se ajoelhou e começou a orar a Deus pedindo socorro, e suas irmãs ao redor dela também se ajoelharam e começaram a orar. De repente surgiu uma grande tempestade e derrubou as barracas dos soldados, deixando todos em pânico.
Os soldados fugiram novamente, e dessa vez não voltaram mais.
Clara ajudou Francisco de Assis em seus momentos de dúvida e angústia espiritual. Ela insistiu para que ele continuasse sua missão junto ao povo simples, para que ele não ficasse apenas contemplando a Deus mas pregasse e ensinasse ao povo carente.
Depois de 27 anos de intensa vida espiritual e de uma saúde bem frágil, Clara já não conseguia sair mais da cama, mas mesmo assim pedia para as irmãs a ajudarem a se sentar na cama. E assim, reclinada, ela fazia fios para que depois se fizessem roupas para os pobres.
No seu momento final, Clara estava rodeada de pessoas que amavam. Ela pediu que lessem as Escrituras Sagradas, justamente na passagem que fala do sofrimento de Cristo pela humanidade.
Clara noite, eu vejo cada estrela
Passeando solta nos braços do céu.
Calma lua, tão clara e sorridente
Para o meu poente por trás do seu véu.
.
Eu vejo cores por todo canto,
Eu vejo flores em cada campo
E seus odores são como o favo do mel.
O céu da noite iluminado
Parece um parque todo enfeitado
A dança leve do giro de um carrossel.
.
Cada dia, eu vejo uma constelação
De tanta gente que passa por mim.
Pés descalços, crianças indigentes
São como pingentes de um mundo sem fim.
.
Eu vejo um riso em cada rosto,
Apesar do gosto de cada dia.
Eu vejo um dia de uma alegria geral.
Eu quero todos de roupa nova,
De braços dados cantando a trova
Na dança-roda de um mundo novo e sem mal.
12-Track-12
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Fonte: Blog Gladir Cabral

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