Com qual delas você se identifica? Com a lâmpada ou com a luz? Ainda confunde a luz com a lâmpada? Qual das duas é mais importante? Pense bem, antes de ajoelhar-se diante do sacrário ou de passear com o ostensório diante dos fiéis. Por não deixar clara a diferença entre o símbolo e o mistério, um grande número de pregadores desvia os fiéis para um devocionismo sem catequese: desfundamentam a fé, erguem edifícios frágeis e sem alicerce e enchem os templos de fiéis que procuram mais a lâmpada do que a luz. Formam gente que, ao invés de olhar ao redor para as coisas que a luz banhou, olham para a lâmpada, de onde sai a luz. Ficam cegos de tanto se fixar na direção errada. Lâmpadas não são para serem vistas nem tocadas. A luz que elas emitem não são para se encarar de frente e, sim, para iluminar o que, de fato, devemos encarar. Não se pára no símbolo, quando se busca o mistério para o qual ele aponta.
O cantor ou pregador que permite que lhe joguem um holofote no rosto, ou que canta diante de sua própria imagem ampliada, certamente brilhará e terá feito um excelente marketing de si mesmo, mas ficará cego e certamente não verá o povo para quem ele canta e fala. Será erro de comunicação dele e do iluminador. Mas, se a intenção daquelas luzes for, de fato, ressaltar o pregador, o cantor ou o espetáculo, então, chame-se ao ato de espetáculo e não de evangelização
Se o objetivo for ressaltar a mensagem, há que haver luzes mostrando quem a emite e quem a recebe. Deus e o povo. Chame-se a este ato de rito ou de catequese. Mas se o cantor ecoar a si mesmo, será tudo menos catequista. Será um artista exibicionista. Falo como quem corre, permanentemente, este risco e como quem leciona Comunicação Religiosa há mais de 27 anos. Para o pregador religioso há que haver limites. Nossa proposta é outra.
Em termos de comunicação cristã, o risco de acentuar a lâmpada e jogar tudo na direção dela e do seu bocal, ao invés de mirar o que a luz dela emanada ilumina, nos remete à resposta que devemos à graça do céu. O poder ou a busca do sentido de Deus entre nós não nos é dado para que as pessoas nos olhem, nem para que as câmeras se fixem em nós 95% do tempo e, sim, para que se mostre o povo que recebe a pregação; com o povo, outras imagens.
Nem mesmo o dom das línguas que é tão pessoal nos é dado para aparecermos. É um consolo, como lembra São Paulo, (1 Cor 14,1-40), mas é sinal. Não podemos usá-lo para parecermos mais renovados que os outros cristãos! Se virar exibição perderá a sua força e o seu porquê.
Câmeras e luzes deslumbram. O tempo que ficamos diante das câmeras mostra se estamos ou não estamos enfeitiçados com aquelas luzes sobre nós. Nossa presença excessiva ali pode ser mais danosa do que catequética, se não soubermos reparti-la com a presença dos outros, eles protagonizando. Recentemente viajei, cansado, 450 km de ida e volta para dizer uma frase e cantar uma canção na televisão, onde todos os demais convidados eram mais protagonistas do que eu. Não estava bem de saúde, mas pediram minha presença e fui ajudar a ressaltar as luzes emitidas por eles. Perguntado porque me sujeitei àquele cansaço para dizer uma frase, disse que tenho outros espaços onde posso falar três minutos por dia e uma hora por mês. Cabia ajudar os outros a emitir a luz de Cristo já que, quando era eu o protagonista, ele vieram ao meu programa. A mística do comunicador pode exigir isso dele. Aparecer o menos possível, mas, sempre que possível, ajudar os outros companheiros.
A ênfase excessiva no comunicador prejudica a comunicação. Nossa aparição seja breve, ou cercada de outros que também aparecem. Criemos quadros que nos ajudem a tirar o excesso de luzes de cima de nós. A graça não é posta nas mãos do pregador para que ele apareça e, sim, para que ele a entregue ao povo. Jesus (Mt 10,27) sugeriu aos seus pregadores que pregassem à luz, com clareza e de cima dos telhados, não para que mais gente visse o pregador atuando e, sim, para que mais gente ouvisse o que ele diz.
O advento da fotografia retocada, da mídia, das câmeras e da amplificação da voz e da imagem derrubou muitos pregadores das mais diversas igrejas, que, deslumbrados com sua nova aparência, com o poder das luzes e da mídia, capitalizaram na sua imagem, mais do que na sua mensagem. Alguns chegaram no passado microfone em punho a entrevistar o demônio instalado em alguém. Quiseram imitar Jesus, mas deram espaço para o demônio, se demônio havia naquele exorcismo. É o perigo dos focos e das luzes. Naquela hora as luzes da televisão estava sobre o pregador e sobre o demônio. Sobrou pouco espaço para a suposta vítima. Se demônio havia, ele agradeceu aquela cobertura.
Sei disso, porque não faltaram sugestões e tentações de diretores de marketing e de palco a me pedir que aceitasse aqueles holofotes e valorizasse aquela superexposição. Mas me queriam de violão, com alguma canção e alguma frase de efeito... Não fui!
Nos anos 60 fui discípulo, em Washington DC, USA, num curso de verão do Doutor Bacchero que lecionava na linha de McLuan, a matéria “Mass Comunication”. Naqueles dias, brilhavam Elvis Presley e os Beatles, Rock Hudson, John Wayne, Frank Sinatra, Dean Martin, Jerry Lewis, Marilyn Monroe, e despontavam dez a quinze grupos de rock. Os holofotes estavam sobre eles. Ele e outros mestres alertavam para o risco da auto-exposição que escapa ao controle do indivíduo e o transforma em produto de mercado. O marketing não era, ainda, a ciência que se tornou
Qual tem sido o argumento dos pregadores das mais diversas igrejas, que aderiram ao marketing da fé e, ao ressaltar sua individualidade, caíram no individualismo e no protagonismo acima e por sobre o protagonismo do povo de Deus? Aceitaram tornar-se ídolos. Foi consciente? Precisam aparecer para vender? Precisam se manifestar para anunciar? Afirmam que são dados em espetáculo ao mundo e aos anjos (1 Cor 4,9), mas só isso, porque raramente se arriscam a entrar em temas que explicam a primeira parte da sentença de Paulo. Ali está, porém, o cerne da comunicação cristã! -Tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte. Anote-se a palavra “últimos”... Não é o que tem acontecido na pregação de muitos cristãos de agora. Buscam a vidência por causa da evidência!
Estão mais para 2 Tm 4,1-5 do que para o Paulo, que precisou ser descido em um cesto para escapar dos seus perseguidores...( At 9,25) Raramente entram em temas sociais. Dizem que, ao cuidar de doentes e “endemoninhados” (sic) e, ao ensinar a orar para conseguir subir na vida, já fazem um trabalho social.
Seu outro argumento é o de que, ao aparecerem e mostrarem seu rosto, tornando-se referência, conquistam os olhos e os corações de milhões de pessoas para si, e, então, podem anunciar o Jesus que levam em si. A notoriedade lhes dará mais autoridade!
Divulgar-se para divulgar! Há verdade nisso, mas o argumento é escorregadio. Eles sabem e muita gente sabe dos perigos do excesso de luzes sobre a “prima donna” ou sobre o ator número um. Estes, ou são realmente bons, ou perdem a aura! Com o tempo, seu protagonismo será de tal monta que não poderão mais descer do palco ou do púlpito para o meio do povo. Elvis, Marilyns, Madonnas, Britneys, Michael Jackson e outros ídolos de ontem e de hoje, de tanto marketing, terminam isolados e cercados de guarda-costas... Passam a pregar de cima, altaneiros, a viver em bolhas e redomas. Isto para não falar dos que morreram vítimas da mídia que os transformou em produto.
Digo isso porque houve um tempo em que passei pela tentação de ir mais longe do que tinha ido, pelo argumento de que chegaria aonde os outros não chegam. Sofri a tentação da formiga que acha que pode cortar pedaço ainda maior de folha, sem levar em conta a distâncias e os ventos daquela jornada. Argumentavam: “-Alguém tem que ir lá, aonde ninguém foi”. “Jesus iria” “Paulo foi” “Esse novo missionário pode ser você!” “ Você tem todas as qualidades para ir” “Não jogue fora esta chance de evangelizar milhões” – É o que diziam.
Muitas vezes, nos anos 70 e 80, ao ouvir isso, pensei na tentação da montanha e no “tudo isso te darei...” (Mt 4,1-11). Marketing não deixa de ser marketing, mesmo que seja o da fé. Optei por não ser levado tão longe, posto que na mídia, o verbo é “ir” ou “levar”, mas, às vezes, somos mais levados do que vamos. O marketing mais nos leva e nos empurra do que nos deixa ir. Ele tem seus próprios mecanismos. Quem está na mídia há mais de 40 anos sabe que este riacho vira rio caudaloso e não poucas vezes transborda. Ou o aceitamos com suas regras ou, como cavalo xucro, ele nos derruba. Tem que ser muito peão para ficar muitos anos montado no marketing.
Não me considero nem acima nem melhor do que os outros que aceitam ser lâmpadas. Eu fui e ainda sou, mas trago comigo a mística do brilhar junto e acentuar as outras lâmpadas que me ajudam a emitir a luz. Quero luz sobre os meus cantores e os quero ao meu lado e não atrás de mim, até porque, sem eles a mensagem que levo perderia sua força de comunicação. Não sou “Padre Zezinho e sua banda”. Todos os 12 grupos que já cantaram comigo, cantaram ao meu lado e tinham nome, como grupo e como pessoas. Pregamos todos, eles, com o seu brilho de cantores da fé e eu, com minhas luzes de pregador; mas nunca aceitei os holofotes por muito tempo sobre minha pessoa. Foi e é minha mística. Quem já viu meus shows nos últimos 40 anos deve ter percebido que não fico à frente dos meus jovens. Não levo baterista nem saxofonista porque às vezes por problemas de mesa eles abafam a mensagem. Cantamos na mesma linha e não aceito holofotes fixos em mim. A luz deve girar entre os cantores e o povo e um pouco sobre mim, mas o mais discretamente possível.
Aos meus alunos digo o que acabo de escrever. –“Segure o cálice a patena, o ostensório, o violão, a Bíblia e os sinais e instrumentos como quem segura uma lâmpada.” Apagada, fechada, mal citada, mal ligada, mal alimentada ou piscando, ela mais prejudica do que ajuda. Nem o cálice, nem o ostensório nem nós somos a luz: somos lâmpadas. A luz é o Cristo e o mistério que Ele é. Valorize a luz que nasce daqueles sinais! Trate de ser um deles, mas não lute para ser o sinal número um. Segure a lâmpada, já que não é possível segurar a luz. Seja uma lâmpada já que não é possível ser luz. Lúcifer quis ser luz e acabou no inferno, diz a piedosa história da tradição, mencionada de passagem em Mt 25,41 e Judas 1,6
Lembro-me de um episódio que, para mim, foi salutar. Nesses 43 anos de sacerdote e 45 de comunicador, uma vez, tiraram do horário nobre o meu programa que tinha muita audiência; razões da emissora e dos diretores... Se Deus deu a eles a direção daquele veículo, deu a eles mais do que a mim. São carismas. Não precisavam mais do meu. Não abri a boca. Fui embora. Pregaria onde, para quem e na hora em que me fosse permitido. Perdi ouvintes e espectadores. Também eles.
Mas outros diretores me acharam e os ouvintes tornaram a me achar. Expliquei-me, depois, a alunos que me perguntaram por que não lutei por meu espaço já conquistado: era mística. Disse-lhes que não era conquista. Deus me havia dado aquela chance. Veio alguém que não via as coisas do mesmo jeito e entendi que perdera um espaço concedido. O convite acabara!
Nunca assino contrato de trabalho com as mídias onde atuo. São livres para deixar alguém no meu lugar e eu sou livre para ir embora. Já atuei em mais de 9 mídias desde o s meus primeiros anos de sacerdócio. Estive lá como convidado. Fui embora quando os diretores me pediram para não falar ou não cantar determinadas coisas, ou quando acharam alguém mais de acordo com a sua linha, alguns dos quais tinham sido meus alunos. O professor não servia, mas o aluno, sim. Sintonizava melhor com a direção da emissora; prova de que não faço a cabeça de nenhum aluno! Proponho uma mística e uma visão, mas não lhe dou meus óculos e minhas lentes. Ele que ache as dele!
A palavra não deve acorrentar nem os diretores de mídia, nem os pregadores. -Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; (Colossenses 2, 8) Entendo que o mesmo se aplica ao marketing moderno. Não vale qualquer espaço, qualquer método e qualquer coisa para evangelizar a qualquer um. Não valem apenas os números, embora sejam importantes. Foi o que disse Bento XVI quando Cardeal Ratzinger na entrevista Peter Seewald, no livro O Sal da Terra. As estatísticas disse ele, não fazem parte do projeto do Reino. Precisamos redescobrir a Teologia do Pequeno Rebanho! -acrescentou. As estatísticas são válidas, mas não podem determinar nossa pastoral.
Jesus deixou claro que há limites, ao dizer que não faria mudanças pelo fato de seus discípulos não estarem assimilando sua mensagem. Não mudaria nem uma virgula, nem um ponto“”...( Mt 4,17-18) Não pensem que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abolir, mas cumprir. Porque em verdade eu lhes digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. O mesmo Jesus deu liberdade aos discípulos para irem embora em Jo 6,67. O assunto era o pão da vida, a eucaristia, dar a sua carne para a vida dos homens. ( Jo 6, 48-71)
Ceder para permanecer não era a mística de Jesus. Aprendi com Ele. Não aceito qualquer esquema para ficar na mídia. Calarei se for preciso. Não farei falta. Estou lá por graça de Deus e sairei por vontade dele ou dos homens. Mas não lutarei por microfones, câmeras por espaços. Quem me convida sabe disso. Se tiver que ir embora, irei e cederei meu lugar a outros pregadores, mas não me peçam para apenas cantar sem pregar, ou para não cantar canções de cunho social e político. Posso até ajudar um amigo, mas não assumiria um espaço só para cantar ou para cantar mais do que falar. Não fui ordenado padre para cantar. O Antigo Testamento fala de levitas cantores,(1 Cor 5,12) mas nossa Igreja não liga a canção ao sacerdócio.
Oficialmente não existem padres cantores na Igreja Católica. A canção é algo paralelo à missão do sacerdote. Se quiser exercer seu sacerdócio, ele tem que fazer da canção um instrumento secundário. Caso queiram que ele apenas cante, seria o caso de se recusar. Eu me recuso! Deixei de dar muitas entrevistas porque que me queriam com violão nas mãos ou com um rosário entre os dedos e não aceitei o estereótipo. Mostrei o crucifixo no meu peito e disse que carregaria uma Bíblia, se quisessem. Não quiseram.
Entendo que a canção libertadora e a mensagem socio-política dos meus cantos que nascem de encíclicas papais, dos documentos dos bispos, da Bíblia são parte da doutrina fundamental e acho que ela tem uma carga de profunda espiritualidade compassiva e libertadora. Eu jamais cantaria aquela canção que diz: Quero amar somente a Ti. A meu ver, ela nega o cristianismo. É que o segundo mandamento é semelhante ao primeiro...( Mc 12,31) Ou amamos o próximo ou estamos mentindo quando amamos somente a Deus. (1 Jo 4,20 )
Para meus alunos passo a idéia das lâmpadas e da luz. As lâmpadas são diferentes e as luzes que elas emitem, também. Não é culpa da luz, é da lâmpada. Se o diretor quer outra lâmpada, outra pregação e outro pregador mais da sua linha, ele está no seu direito. Preciso respeitar o catecismo que ele estudou, pregadores que ele ouviu e os livros que ele leu. Se não temos a mesma visão pastoral e ele tem as chaves da emissora, quem fica é ele e quem sai sou eu. A palavra de Deus veio a mim, mas não é minha. Disse Paulo:- Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? (I Cor 14, 36) E disse mais: disse que a palavra de Deus não está presa nem ao dono da emissora, não a diretor de marketing, nem ao pregador, nem ao cantor. Torno a lembrar o que Paulo disse, em outras palavras a respeito da prisão a um só esquema de pregação. (1 Cor 9,19).
Paulo dizia não fazer parte dos muitos falsificadores e subvertedores da Palavra de Deus. Não pregava com astúcia nem com segundas intenções como os que consciente ou inconscientemente visavam adeptos, platéia e aplausos. Jesus dizia o mesmo dos fariseus e seus jejuns espetaculares e divulgados nas esquinas do tipo “veja só como eu oro e jejuo!” Eram bons de marketing, mas pelo visto, ruins de ética. Alguns tradutores verteram os textos de 2 Cor 2,17 e 2 Cor 4,2 como mercadejar ou subverter a Palavra de Deus. O perigo de brigar para poder brilhar ou ir lá impor suas antenas onde outros irmãos da mesma igreja já estão, está na triste realidade que já conhecemos: a do pregador que luta por mais espaço e o consegue, para, logo depois, descobrir que achou apenas o seu espaço, mas não o espaço da Palavra de Deus.
Antonio Vieira, no seu famoso “Sermão da Sexagésima” lembra que pregar palavras de Deus não é o mesmo que pregar A Palavra de Deus. Pregadores eminentes e evidentes não são necessariamente pregadores da eminência da Palavra, porque não poucas vezes posam de videntes para se tornarem evidentes.
Jeremias arrasa tais profetas em Jr 14,14. Raciocino ainda, em base a (Mt 20, 16; 23,6; Lc 14,10) com os amigos que me aconselham a lutar por meu “espaço”. Nestes textos há toda uma mística sobre lugares. Entendo que o comunicador da fé não tem lugar garantido em editora, emissora ou diocese alguma. O lugar sempre lhe será concedido. E sempre a título precário. Faz 40 anos que estou nas Paulinas a título precário. Estão certas elas e estou certo eu. Não há contrato de trabalho. É por obra.
Numa diocese, se mudar o bispo e este seguir outra linha pastoral, prevaleça a nova linha, uma vez que o bispo eleito foi ele e não o pregador. Nenhum pregador deve ser entrudo, nem entrão; muito menos deve ser impulsionado por estratégias de marketing agressivo. Deve, sim, sentir-se convidado. Toda a vez que o pregador se faz convidar para mostrar sua obra e seu discurso, corre um risco de sentar-se em lugar que não é o seu. (Mt 22,11; Lc 14,8) Se uma comunidade não precisa mais dele e não o quer, como são milhares as comunidades e, sendo a Igreja uma “comunidade de comunidades”, haverá sempre alguém que queira o ouvir.
Nem a missa, nem o púlpito, nem o palco, nem a canção, nem a mensagem nos pertencem. João Paulo II e Bento XVI tocaram no assunto ao falar da Eucaristia. Nenhuma missa deve estar ligada ao nome do celebrante. Missa de cura é toda e qualquer missa e não apenas a das 19 horas na quinta feira, celebrada pelo padre XYZ. Então, o pregador apareça, mas não demais, espere ser convidado, mostre qualidade na sua obra recém publicada, e entregue, sem pretensões, a sua nova mensagem. Carteiro que dá show de entrega, às vezes termina por não entregar mensagem alguma! Escorrega no degrau de subida...
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José Fernandes de Oliveira
O cantor ou pregador que permite que lhe joguem um holofote no rosto, ou que canta diante de sua própria imagem ampliada, certamente brilhará e terá feito um excelente marketing de si mesmo, mas ficará cego e certamente não verá o povo para quem ele canta e fala. Será erro de comunicação dele e do iluminador. Mas, se a intenção daquelas luzes for, de fato, ressaltar o pregador, o cantor ou o espetáculo, então, chame-se ao ato de espetáculo e não de evangelização
Se o objetivo for ressaltar a mensagem, há que haver luzes mostrando quem a emite e quem a recebe. Deus e o povo. Chame-se a este ato de rito ou de catequese. Mas se o cantor ecoar a si mesmo, será tudo menos catequista. Será um artista exibicionista. Falo como quem corre, permanentemente, este risco e como quem leciona Comunicação Religiosa há mais de 27 anos. Para o pregador religioso há que haver limites. Nossa proposta é outra.
Em termos de comunicação cristã, o risco de acentuar a lâmpada e jogar tudo na direção dela e do seu bocal, ao invés de mirar o que a luz dela emanada ilumina, nos remete à resposta que devemos à graça do céu. O poder ou a busca do sentido de Deus entre nós não nos é dado para que as pessoas nos olhem, nem para que as câmeras se fixem em nós 95% do tempo e, sim, para que se mostre o povo que recebe a pregação; com o povo, outras imagens.
Nem mesmo o dom das línguas que é tão pessoal nos é dado para aparecermos. É um consolo, como lembra São Paulo, (1 Cor 14,1-40), mas é sinal. Não podemos usá-lo para parecermos mais renovados que os outros cristãos! Se virar exibição perderá a sua força e o seu porquê.
Câmeras e luzes deslumbram. O tempo que ficamos diante das câmeras mostra se estamos ou não estamos enfeitiçados com aquelas luzes sobre nós. Nossa presença excessiva ali pode ser mais danosa do que catequética, se não soubermos reparti-la com a presença dos outros, eles protagonizando. Recentemente viajei, cansado, 450 km de ida e volta para dizer uma frase e cantar uma canção na televisão, onde todos os demais convidados eram mais protagonistas do que eu. Não estava bem de saúde, mas pediram minha presença e fui ajudar a ressaltar as luzes emitidas por eles. Perguntado porque me sujeitei àquele cansaço para dizer uma frase, disse que tenho outros espaços onde posso falar três minutos por dia e uma hora por mês. Cabia ajudar os outros a emitir a luz de Cristo já que, quando era eu o protagonista, ele vieram ao meu programa. A mística do comunicador pode exigir isso dele. Aparecer o menos possível, mas, sempre que possível, ajudar os outros companheiros.
A ênfase excessiva no comunicador prejudica a comunicação. Nossa aparição seja breve, ou cercada de outros que também aparecem. Criemos quadros que nos ajudem a tirar o excesso de luzes de cima de nós. A graça não é posta nas mãos do pregador para que ele apareça e, sim, para que ele a entregue ao povo. Jesus (Mt 10,27) sugeriu aos seus pregadores que pregassem à luz, com clareza e de cima dos telhados, não para que mais gente visse o pregador atuando e, sim, para que mais gente ouvisse o que ele diz.
O advento da fotografia retocada, da mídia, das câmeras e da amplificação da voz e da imagem derrubou muitos pregadores das mais diversas igrejas, que, deslumbrados com sua nova aparência, com o poder das luzes e da mídia, capitalizaram na sua imagem, mais do que na sua mensagem. Alguns chegaram no passado microfone em punho a entrevistar o demônio instalado em alguém. Quiseram imitar Jesus, mas deram espaço para o demônio, se demônio havia naquele exorcismo. É o perigo dos focos e das luzes. Naquela hora as luzes da televisão estava sobre o pregador e sobre o demônio. Sobrou pouco espaço para a suposta vítima. Se demônio havia, ele agradeceu aquela cobertura.
Sei disso, porque não faltaram sugestões e tentações de diretores de marketing e de palco a me pedir que aceitasse aqueles holofotes e valorizasse aquela superexposição. Mas me queriam de violão, com alguma canção e alguma frase de efeito... Não fui!
Nos anos 60 fui discípulo, em Washington DC, USA, num curso de verão do Doutor Bacchero que lecionava na linha de McLuan, a matéria “Mass Comunication”. Naqueles dias, brilhavam Elvis Presley e os Beatles, Rock Hudson, John Wayne, Frank Sinatra, Dean Martin, Jerry Lewis, Marilyn Monroe, e despontavam dez a quinze grupos de rock. Os holofotes estavam sobre eles. Ele e outros mestres alertavam para o risco da auto-exposição que escapa ao controle do indivíduo e o transforma em produto de mercado. O marketing não era, ainda, a ciência que se tornou
Qual tem sido o argumento dos pregadores das mais diversas igrejas, que aderiram ao marketing da fé e, ao ressaltar sua individualidade, caíram no individualismo e no protagonismo acima e por sobre o protagonismo do povo de Deus? Aceitaram tornar-se ídolos. Foi consciente? Precisam aparecer para vender? Precisam se manifestar para anunciar? Afirmam que são dados em espetáculo ao mundo e aos anjos (1 Cor 4,9), mas só isso, porque raramente se arriscam a entrar em temas que explicam a primeira parte da sentença de Paulo. Ali está, porém, o cerne da comunicação cristã! -Tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte. Anote-se a palavra “últimos”... Não é o que tem acontecido na pregação de muitos cristãos de agora. Buscam a vidência por causa da evidência!
Estão mais para 2 Tm 4,1-5 do que para o Paulo, que precisou ser descido em um cesto para escapar dos seus perseguidores...( At 9,25) Raramente entram em temas sociais. Dizem que, ao cuidar de doentes e “endemoninhados” (sic) e, ao ensinar a orar para conseguir subir na vida, já fazem um trabalho social.
Seu outro argumento é o de que, ao aparecerem e mostrarem seu rosto, tornando-se referência, conquistam os olhos e os corações de milhões de pessoas para si, e, então, podem anunciar o Jesus que levam em si. A notoriedade lhes dará mais autoridade!
Divulgar-se para divulgar! Há verdade nisso, mas o argumento é escorregadio. Eles sabem e muita gente sabe dos perigos do excesso de luzes sobre a “prima donna” ou sobre o ator número um. Estes, ou são realmente bons, ou perdem a aura! Com o tempo, seu protagonismo será de tal monta que não poderão mais descer do palco ou do púlpito para o meio do povo. Elvis, Marilyns, Madonnas, Britneys, Michael Jackson e outros ídolos de ontem e de hoje, de tanto marketing, terminam isolados e cercados de guarda-costas... Passam a pregar de cima, altaneiros, a viver em bolhas e redomas. Isto para não falar dos que morreram vítimas da mídia que os transformou em produto.
Digo isso porque houve um tempo em que passei pela tentação de ir mais longe do que tinha ido, pelo argumento de que chegaria aonde os outros não chegam. Sofri a tentação da formiga que acha que pode cortar pedaço ainda maior de folha, sem levar em conta a distâncias e os ventos daquela jornada. Argumentavam: “-Alguém tem que ir lá, aonde ninguém foi”. “Jesus iria” “Paulo foi” “Esse novo missionário pode ser você!” “ Você tem todas as qualidades para ir” “Não jogue fora esta chance de evangelizar milhões” – É o que diziam.
Muitas vezes, nos anos 70 e 80, ao ouvir isso, pensei na tentação da montanha e no “tudo isso te darei...” (Mt 4,1-11). Marketing não deixa de ser marketing, mesmo que seja o da fé. Optei por não ser levado tão longe, posto que na mídia, o verbo é “ir” ou “levar”, mas, às vezes, somos mais levados do que vamos. O marketing mais nos leva e nos empurra do que nos deixa ir. Ele tem seus próprios mecanismos. Quem está na mídia há mais de 40 anos sabe que este riacho vira rio caudaloso e não poucas vezes transborda. Ou o aceitamos com suas regras ou, como cavalo xucro, ele nos derruba. Tem que ser muito peão para ficar muitos anos montado no marketing.
Não me considero nem acima nem melhor do que os outros que aceitam ser lâmpadas. Eu fui e ainda sou, mas trago comigo a mística do brilhar junto e acentuar as outras lâmpadas que me ajudam a emitir a luz. Quero luz sobre os meus cantores e os quero ao meu lado e não atrás de mim, até porque, sem eles a mensagem que levo perderia sua força de comunicação. Não sou “Padre Zezinho e sua banda”. Todos os 12 grupos que já cantaram comigo, cantaram ao meu lado e tinham nome, como grupo e como pessoas. Pregamos todos, eles, com o seu brilho de cantores da fé e eu, com minhas luzes de pregador; mas nunca aceitei os holofotes por muito tempo sobre minha pessoa. Foi e é minha mística. Quem já viu meus shows nos últimos 40 anos deve ter percebido que não fico à frente dos meus jovens. Não levo baterista nem saxofonista porque às vezes por problemas de mesa eles abafam a mensagem. Cantamos na mesma linha e não aceito holofotes fixos em mim. A luz deve girar entre os cantores e o povo e um pouco sobre mim, mas o mais discretamente possível.
Aos meus alunos digo o que acabo de escrever. –“Segure o cálice a patena, o ostensório, o violão, a Bíblia e os sinais e instrumentos como quem segura uma lâmpada.” Apagada, fechada, mal citada, mal ligada, mal alimentada ou piscando, ela mais prejudica do que ajuda. Nem o cálice, nem o ostensório nem nós somos a luz: somos lâmpadas. A luz é o Cristo e o mistério que Ele é. Valorize a luz que nasce daqueles sinais! Trate de ser um deles, mas não lute para ser o sinal número um. Segure a lâmpada, já que não é possível segurar a luz. Seja uma lâmpada já que não é possível ser luz. Lúcifer quis ser luz e acabou no inferno, diz a piedosa história da tradição, mencionada de passagem em Mt 25,41 e Judas 1,6
Lembro-me de um episódio que, para mim, foi salutar. Nesses 43 anos de sacerdote e 45 de comunicador, uma vez, tiraram do horário nobre o meu programa que tinha muita audiência; razões da emissora e dos diretores... Se Deus deu a eles a direção daquele veículo, deu a eles mais do que a mim. São carismas. Não precisavam mais do meu. Não abri a boca. Fui embora. Pregaria onde, para quem e na hora em que me fosse permitido. Perdi ouvintes e espectadores. Também eles.
Mas outros diretores me acharam e os ouvintes tornaram a me achar. Expliquei-me, depois, a alunos que me perguntaram por que não lutei por meu espaço já conquistado: era mística. Disse-lhes que não era conquista. Deus me havia dado aquela chance. Veio alguém que não via as coisas do mesmo jeito e entendi que perdera um espaço concedido. O convite acabara!
Nunca assino contrato de trabalho com as mídias onde atuo. São livres para deixar alguém no meu lugar e eu sou livre para ir embora. Já atuei em mais de 9 mídias desde o s meus primeiros anos de sacerdócio. Estive lá como convidado. Fui embora quando os diretores me pediram para não falar ou não cantar determinadas coisas, ou quando acharam alguém mais de acordo com a sua linha, alguns dos quais tinham sido meus alunos. O professor não servia, mas o aluno, sim. Sintonizava melhor com a direção da emissora; prova de que não faço a cabeça de nenhum aluno! Proponho uma mística e uma visão, mas não lhe dou meus óculos e minhas lentes. Ele que ache as dele!
A palavra não deve acorrentar nem os diretores de mídia, nem os pregadores. -Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; (Colossenses 2, 8) Entendo que o mesmo se aplica ao marketing moderno. Não vale qualquer espaço, qualquer método e qualquer coisa para evangelizar a qualquer um. Não valem apenas os números, embora sejam importantes. Foi o que disse Bento XVI quando Cardeal Ratzinger na entrevista Peter Seewald, no livro O Sal da Terra. As estatísticas disse ele, não fazem parte do projeto do Reino. Precisamos redescobrir a Teologia do Pequeno Rebanho! -acrescentou. As estatísticas são válidas, mas não podem determinar nossa pastoral.
Jesus deixou claro que há limites, ao dizer que não faria mudanças pelo fato de seus discípulos não estarem assimilando sua mensagem. Não mudaria nem uma virgula, nem um ponto“”...( Mt 4,17-18) Não pensem que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abolir, mas cumprir. Porque em verdade eu lhes digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. O mesmo Jesus deu liberdade aos discípulos para irem embora em Jo 6,67. O assunto era o pão da vida, a eucaristia, dar a sua carne para a vida dos homens. ( Jo 6, 48-71)
Ceder para permanecer não era a mística de Jesus. Aprendi com Ele. Não aceito qualquer esquema para ficar na mídia. Calarei se for preciso. Não farei falta. Estou lá por graça de Deus e sairei por vontade dele ou dos homens. Mas não lutarei por microfones, câmeras por espaços. Quem me convida sabe disso. Se tiver que ir embora, irei e cederei meu lugar a outros pregadores, mas não me peçam para apenas cantar sem pregar, ou para não cantar canções de cunho social e político. Posso até ajudar um amigo, mas não assumiria um espaço só para cantar ou para cantar mais do que falar. Não fui ordenado padre para cantar. O Antigo Testamento fala de levitas cantores,(1 Cor 5,12) mas nossa Igreja não liga a canção ao sacerdócio.
Oficialmente não existem padres cantores na Igreja Católica. A canção é algo paralelo à missão do sacerdote. Se quiser exercer seu sacerdócio, ele tem que fazer da canção um instrumento secundário. Caso queiram que ele apenas cante, seria o caso de se recusar. Eu me recuso! Deixei de dar muitas entrevistas porque que me queriam com violão nas mãos ou com um rosário entre os dedos e não aceitei o estereótipo. Mostrei o crucifixo no meu peito e disse que carregaria uma Bíblia, se quisessem. Não quiseram.
Entendo que a canção libertadora e a mensagem socio-política dos meus cantos que nascem de encíclicas papais, dos documentos dos bispos, da Bíblia são parte da doutrina fundamental e acho que ela tem uma carga de profunda espiritualidade compassiva e libertadora. Eu jamais cantaria aquela canção que diz: Quero amar somente a Ti. A meu ver, ela nega o cristianismo. É que o segundo mandamento é semelhante ao primeiro...( Mc 12,31) Ou amamos o próximo ou estamos mentindo quando amamos somente a Deus. (1 Jo 4,20 )
Para meus alunos passo a idéia das lâmpadas e da luz. As lâmpadas são diferentes e as luzes que elas emitem, também. Não é culpa da luz, é da lâmpada. Se o diretor quer outra lâmpada, outra pregação e outro pregador mais da sua linha, ele está no seu direito. Preciso respeitar o catecismo que ele estudou, pregadores que ele ouviu e os livros que ele leu. Se não temos a mesma visão pastoral e ele tem as chaves da emissora, quem fica é ele e quem sai sou eu. A palavra de Deus veio a mim, mas não é minha. Disse Paulo:- Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? (I Cor 14, 36) E disse mais: disse que a palavra de Deus não está presa nem ao dono da emissora, não a diretor de marketing, nem ao pregador, nem ao cantor. Torno a lembrar o que Paulo disse, em outras palavras a respeito da prisão a um só esquema de pregação. (1 Cor 9,19).
Paulo dizia não fazer parte dos muitos falsificadores e subvertedores da Palavra de Deus. Não pregava com astúcia nem com segundas intenções como os que consciente ou inconscientemente visavam adeptos, platéia e aplausos. Jesus dizia o mesmo dos fariseus e seus jejuns espetaculares e divulgados nas esquinas do tipo “veja só como eu oro e jejuo!” Eram bons de marketing, mas pelo visto, ruins de ética. Alguns tradutores verteram os textos de 2 Cor 2,17 e 2 Cor 4,2 como mercadejar ou subverter a Palavra de Deus. O perigo de brigar para poder brilhar ou ir lá impor suas antenas onde outros irmãos da mesma igreja já estão, está na triste realidade que já conhecemos: a do pregador que luta por mais espaço e o consegue, para, logo depois, descobrir que achou apenas o seu espaço, mas não o espaço da Palavra de Deus.
Antonio Vieira, no seu famoso “Sermão da Sexagésima” lembra que pregar palavras de Deus não é o mesmo que pregar A Palavra de Deus. Pregadores eminentes e evidentes não são necessariamente pregadores da eminência da Palavra, porque não poucas vezes posam de videntes para se tornarem evidentes.
Jeremias arrasa tais profetas em Jr 14,14. Raciocino ainda, em base a (Mt 20, 16; 23,6; Lc 14,10) com os amigos que me aconselham a lutar por meu “espaço”. Nestes textos há toda uma mística sobre lugares. Entendo que o comunicador da fé não tem lugar garantido em editora, emissora ou diocese alguma. O lugar sempre lhe será concedido. E sempre a título precário. Faz 40 anos que estou nas Paulinas a título precário. Estão certas elas e estou certo eu. Não há contrato de trabalho. É por obra.
Numa diocese, se mudar o bispo e este seguir outra linha pastoral, prevaleça a nova linha, uma vez que o bispo eleito foi ele e não o pregador. Nenhum pregador deve ser entrudo, nem entrão; muito menos deve ser impulsionado por estratégias de marketing agressivo. Deve, sim, sentir-se convidado. Toda a vez que o pregador se faz convidar para mostrar sua obra e seu discurso, corre um risco de sentar-se em lugar que não é o seu. (Mt 22,11; Lc 14,8) Se uma comunidade não precisa mais dele e não o quer, como são milhares as comunidades e, sendo a Igreja uma “comunidade de comunidades”, haverá sempre alguém que queira o ouvir.
Nem a missa, nem o púlpito, nem o palco, nem a canção, nem a mensagem nos pertencem. João Paulo II e Bento XVI tocaram no assunto ao falar da Eucaristia. Nenhuma missa deve estar ligada ao nome do celebrante. Missa de cura é toda e qualquer missa e não apenas a das 19 horas na quinta feira, celebrada pelo padre XYZ. Então, o pregador apareça, mas não demais, espere ser convidado, mostre qualidade na sua obra recém publicada, e entregue, sem pretensões, a sua nova mensagem. Carteiro que dá show de entrega, às vezes termina por não entregar mensagem alguma! Escorrega no degrau de subida...
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José Fernandes de Oliveira
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