Por: Anderson
Jesus, em uma conversa com Pedro, deixou claro que fazia parte de sua missão a edificação de Sua Igreja (Mt. 16:18). Portanto, a Igreja não é uma invenção humana e nem é propriedade humana. Ela é um sonho que surgiu no coração do Pai e que Jesus veio tornar realidade visível. Ela é propriedade exclusiva do Senhor, e por isso deve ser do jeito que Ele planejou. A Igreja planejada pelo Pai e edificada por Jesus teria tamanho poder sobrenatural que nem satanás com todos os seus demônios poderiam resisti-la.
Mas, ao contemplarmos a realidade de hoje, tantos séculos depois das palavras que Jesus proferiu, poderiam surgir perguntas como: Onde está essa Igreja? Jesus cumpriu sua Palavra? Ele desistiu?
Ora, se alguém pensa que Jesus desistiu é porque ainda não o conhece bem, pois o que Ele fala, Ele cumpre. Ele é o Verbo, a Palavra por meio da qual todas as coisas foram criadas e são sustentadas. Aquele que começou a boa obra é fiel pra completá-la (Fp. 1:6). Com toda certeza, Ele está edificando sua Igreja. Ele não desistiu, não interrompeu a obra e nem tirou férias. Ele trabalha sempre, dia e noite para fazer da Igreja tudo aquilo que Ele planejou.
Mas, nessa obra de edificação da Igreja, aonde Jesus quer chegar? Qual é o seu objetivo? Qual é a planta da Igreja? Afinal, o que é a Igreja para Jesus? O que Ele visualizava quando falou sobre a Igreja?
Nem sempre essa pergunta é simples de responder, pois, com o passar dos séculos, o significado da palavra Igreja foi distorcido. Na maioria dos casos, quando as pessoas ouvem a palavra “Igreja” pensam em algo completamente diferente daquilo que Jesus falou. É enorme e assustador o número de pessoas que simplesmente não sabe o que é a Igreja. E também é grande o número daqueles que sabem o que é a Igreja, mas a prática indica o contrário.
Antes de Jesus declarar que edificaria sua Igreja, Ele havia começado uma conversa com seus discípulos perguntando-lhes: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (Mt. 16:13). Se hoje Ele fizesse a pergunta: “Que dizem os homens ser a Igreja?”, acredito que Ele receberia pelo menos três respostas equivocadas. Quero apontar aqui cada uma dessas distorções do significado de Igreja.
a) Templo
Uma das principais distorções é a idéia de que a Igreja é uma construção física, um templo onde Deus habita. Entretanto, tal idéia é completamente estranha a tudo o que Jesus e os apóstolos ensinaram. Tanto Estevão quanto Paulo declaram que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At. 7:48; 17:24). A Igreja é sim a Casa de Deus, entretanto ela é edificada pelo próprio Deus com Pedras Vivas, que somos nós (I Pe. 2:5; Ef. 2:22). Igreja é formada por pessoas (Hb. 3:6) e não por pedras, tijolos, cimento etc… Com certeza, quando Jesus disse que edificaria sua Igreja, Ele não estava pensando em templos, mas sim em pessoas. Jesus nunca edificou ou inaugurou um templo. Nem seus apóstolos fizeram isso. A Igreja sobreviveu por mais de 3 séculos sem a construção de nenhum templo.
Graças a Deus nós já sabemos que Igreja não é um lugar. Não só sabemos como também já praticamos isso. Somos livres para estarmos reunidos em qualquer lugar: num hotel, numa praça, num sítio, numa praia, numa casa etc.. Pois, onde estiverem dois ou três reunidos em nome de Jesus, aí Ele se faz presente (Mt. 18:20).
b) Instituição
Outra distorção bastante comum é pensar que a Igreja é uma instituição, com suas estruturas, hierarquias, leis, normas, estatutos, personalidade jurídica, CNPJ etc…
Ora, se a Igreja depende de tudo isso para existir, como ela sobreviveu durante séculos de perseguição? E como ela sobrevive nos lugares onde é perseguida? Infelizmente, é muito grande o número de cristãos que simplesmente não consegue imaginar a existência da Igreja sem que ela seja institucionalizada. Não conseguem ver a Igreja simplesmente como a família de Deus. Igreja não é instituição ou uma organização. Ela é um organismo vivo, o Corpo de Cristo.
c) Eventos (sucessão de reuniões, celebrações ou cultos)
Acredito que nossas mentes já foram limpas das duas primeiras distorções que apontei. Mas, essa terceira distorção é a mais difícil de ser detectada. Penso que ainda não enxergamos o quanto estamos contaminados por esse equívoco. Como já disse, sabemos que a Igreja somos nós, que somos livres para nos reunirmos em qualquer lugar e não somos uma instituição. Mas, ainda persiste a dificuldade de concebermos a Igreja sem eventos (reuniões, celebrações ou cultos). Vou tentar explicar melhor: Nós enxergamos a Igreja quando os irmãos estão reunidos para celebração ou edificação em qualquer lugar, mas nem sempre enxergamos a Igreja quando estamos ao redor de uma mesa comendo e conversando (ambiente que Jesus sabia usar muito bem para ensinar e edificar seus discípulos) e que momentos como esse podem ser tão edificantes como as nossas reuniões formais. Nem sempre vemos que Deus está tão presente nos momentos informais de comunhão como está nas celebrações.
A Igreja não acontece nas reuniões ou cultos. Ela vive nos relacionamentos entre os irmãos. Ela não acontece eventualmente. Ela vive permanentemente no convívio entre irmãos. Portanto, em qualquer ocasião ou ambiente onde estejam duas pessoas que partilham da fé em Jesus, ainda que seja em um momento informal, aí está a Igreja. Não estou afirmando que a Igreja não deve ter reuniões de celebração. Só estou dizendo que nós não dependemos disso para sermos Igreja.
Acredito que temos dificuldades de ver a Igreja sem os eventos por causa da nossa compreensão limitada da Igreja como Família de Deus. Se nós compreendêssemos plenamente a Igreja como uma família, poderíamos viver Igreja tranqüilamente mesmo sem as reuniões gerais.
Fonte: Blog Anderson Paz
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