quinta-feira, novembro 12, 2009

Discípulos do "Cristo Mundo"


Leitura: I Co 15

Paulo disse que se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, então, apesar de dizermos que cremos em Cristo, ainda assim somos os mais infelizes de TODOS os homens da Terra.
Gravíssima declaração!
Ora, a questão é: O que Paulo está dizendo?
1. Ele diz que é possível haver pessoas que confessam que crêem em Cristo, mas que confinam sua relação com Jesus apenas aos horizontes deste mundo. Ou seja: são crentes do Cristo-Mundo.
2. Ele diz que é possível haver pessoas que confessam que crêem em Cristo, mas, ainda assim, vêem-no apenas como um poder; um mestre; ou mesmo um “deus” para consumo ou interesse. Ou seja: um “deus” do tipo grego, conforme o que se cria acerca das divindades de Corinto.
3. Ele diz que é possível haver pessoas que confessam que crêem em Cristo, embora o Cristo delas seja apenas uma massa energética de natureza psicológico-religiosa, dando às pessoas a magia necessária para que não vivam sem crença; o que para muitos é algo indispensável.
4. Ele diz que é possível haver pessoas que confessam que crêem em Cristo, mas que não têm fé Nele, mas apenas crença mesclada com interesse financeiro, como era comum no 1º século, quando havia uma horda de “falsos apóstolos, profetas e mestres”; todos afirmando um Cristo para consumo, e que se relacionava com os homens dependendo da generosidade deles para com esses “Seus” supostos “representantes”.
Ora, a tal declaração de Paulo sobre os cristãos se tornaram os mais infelizes de todos os seres humanos, tem um contexto muito claro.
De fato, Paulo está lidando com uma comunidade perdida entre a fé que ouviram dos apóstolos originais (como Paulo), os assédios dos judaizantes, a sedução dos “apóstolos gnósticos”, e a volúpia dos milagreiros oportunistas — sempre, e todos, desejos de cativar o interesse “dos de Corinto” para o seu próprio “mover-movido-de-ganância”.
Nada diferente do que se tem hoje!

O fato é que, entre tantas loucuras, às quais iam de posturas eivadas de legalismos judaicos a muito obsoletos (em Cristo), à submissão burra a tudo o que se dizia (desde que se usasse o nome J-e-s-u-s) — não importando se o que se ensinasse fosse o oposto do que Jesus viveu e ensinou.
Aqui não vem ao caso a descrição das inúmeras loucuras divulgadas e acolhidas pelos cristãos de Corinto. Basta-nos olhar para fins de esclarecimento o contexto no qual Paulo declarou a miséria dos cristãos filhos do Cristo-Mundo.
O fato é que pessoas de orientação gnóstica, e que criam que a matéria é má e somente o espírito é bom, ensinavam duas coisas básicas a eles. E eles estavam crendo; a saber:
a) Que sendo o corpo desprezível, o que se faz por meio do corpo não tem importância espiritual; e, assim, se poderia batizar por alguém que já estivesse morto; pois, o ato espiritual feito por um vivo, poderia emprestar o significado do batismo em Cristo à pessoa já falecida. E isto tudo porque o que supostamente vale é apenas o espírito, sendo a carne desprezível.
b) Que a ressurreição de Jesus no corpo — e testemunhada pelos apóstolos e muitos de Seus discípulos, durante 40 dias — não fora, de fato, algo que tivesse ocorrido no corpo; tendo sido apenas uma experiência ectoplasmática. Assim, não haveria ressurreição no corpo.
Ora, Paulo diz que tal crença equivocada era a ruína do Evangelho. Pois, de fato, diz ele, Cristo ressuscitou no corpo, e apareceu historicamente aos que se tornaram testemunhas de Sua Ressurreição.
Afinal, se Cristo não ressuscitou, quem diz que Ele ressuscitou, mente contra Deus e contra os homens, pregando uma balela. Além disso, diz ele: se assim é, quem morreu tendo fé na ressurreição de Jesus, pereceu; posto que se Jesus não ressuscitou, então, morto algum ressuscitará.
E Paulo prossegue fazendo outras assertivas...
Entretanto, a mais forte delas para a existência presente é aquela que afirma que a Ressurreição de Jesus é o fator de transcendência sem o qual o espírito humano não tem razão para viver; especialmente depois de ter dito que crê em Jesus.
Desse modo, Paulo cria uma categoria existencial desgraçada; a saber: a daqueles que “crêem em Jesus” do mesmo modo que o saduceus criam no mundo espiritual; ou seja: sem fé em anjos, nem em ressurreição e em qualquer forma de transcendência.
Ora, esses têm um Cristo-Mundo. Um Cristo para consumo social, psicológico, comunitário, mágico-imediato, e, sobretudo, como um mestre-de-resultados; ou um poder energético para ser acionado como solução para as questiúnculas desta existência.
Ou seja: Um Cristo-Mundo-da-Prosperidade!
Esse tal “Cristo” é como “o Jesus” pregado nos cultos cristãos de hoje!

É o Cristo da 1ª casa, da 2ª casa, do 1º emprego, da 1ª empresa, da casa de campo, da vitória sobre um sócio inconveniente, e que funciona como Cupido em problemas amorosos!
Ou seja: é filho de Zeus, não é o Filho de Deus!
Esse tal “Cristo” não passa de um Guia Espiritual do tipo que se cultua no Candomblé.
O problema é que ninguém que um dia tenha invocado o Nome de Jesus, por mais pagã que tenha sido a invocação, deixará de introjetar uma referência inconsciente acerca da verdade; a qual, tem vida própria; e, por tal razão, demanda que a verdade seja a verdade na pessoa; ou, então, abismá-la-á no pânico existencial difuso, mas que se torna a angústia inexplicável de tais pessoas.
Esse Cristo-Mundo, e que tem esperança apenas para esta vida, so-mente torna a existência muito pior.
Como diz Pedro, melhor é viver sem consciência, como um pagão, do que uma vez que se tenha conhecido a Palavra da Verdade, vir a trocá-la pela mentira do “deus - do- imediato”.
Esse Cristo-Mundo é o diabo!
Serve para as conquistas perversas e para os ganhos malandros e mágicos, conforme entre nós se vê sendo pregado.
Porém, quando o filho (a) morre, “Dele” não se tem consolo; quando o marido se vai, “Dele” não se tem carinho, só culpa; quando um parente adoece e não é curado, “Dele” só se tem juízo contra aquele que, pela fé, não conseguiu a cura; e quando se peca feio, “Dele” não se tem perdão, mas apenas uma longa e infindável penitência; e tudo isto visando não perder as conquistas materiais obtidas até então.
Esse Cristo-Mundo só é “Deus” com a ajuda do Príncipe deste mundo; pois, de fato, os poderes que a “Ele” se atribui são justamente aqueles que um dia Jesus rejeitou, quando lhe foi oferecido com os seguintes dizeres: “Tudo isto te darei se prostrado me adorares!”
Assim, eu digo:
1. Todos os líderes desse “Cristo-Poder” têm horrível medo de morrer. Sim. Eles temem terrivelmente a morte; pois, sabem que terão que prestar contas de suas perversões contra a verdade.
2. Todos os líderes desse “Cristo-Mundo” só são fortes e veementes quando a vida não demanda a paz que excede a todo entendimento; do contrário, morrem de angústia.
3. Todos os crentes desse “Cristo-Prosperidade” perderão a fé quando o mundo e suas prosperidades lhes revelarem a cara de carranca.
Sim! Eles não têm a esperança da Glória de Deus, não são filhos da eternidade, não celebram a ressurreição como esperança, e nem tampouco aguardam novo Céu e nova Terra nos quais habitam justiça.
O céu deles é a prosperidade do mundo!
Quem tiver dúvidas acerca do que digo, aguarde; e verá a grande angústia que tomará tais cristãos no máximo nos próximos três anos; que será quando as últimas máscaras cairão.
Então, haverá muita gente se entregando ao Nada, ao Vazio, à Promiscuidade, ao Medo, ao Pânico, à Depressão, e ao Cinismo!
Dizer-se de Cristo mas só ter esperança “para esta vida” é algo muito pior do que ser ateu. Sim! Bem-aventurados os ateus, pois, honestamente não criaram um “Cristo de consumo”. A alma desses está sob melhores cuidados espirituais do que a daqueles.
A tais “cristãos”, Pedro diz: “Melhor lhes teria sido jamais terem dito que conheceram o caminho da verdade!”
Ora, entre nós, quase que invariavelmente, o que se tem é essa crença no “Cristo-Mundo”, e que é o Despachante dos Crentes que dão ordens a Deus, conforme a diabólica “Teologia da Prosperidade” — e que nada mais é que ensino de demônios.
Sim! É a mesma fala do diabo, a qual um dia ele disse a Jesus, e hoje repete aos “cristãos”:
“Tudo isso te darei se prostrado adorares a tua própria cobiça”.
O fim desses cristãos é a morte em angústia. Sim! Porque sofrem de um irremediável déficit de esperança!
Que ninguém brinque! Mas quem brincar, prepare-se: a verdade brincará com sua alma até à morte!
Achou forte? Ah! Que nada! Afinal, eu sou um tolo que não tenho fé nos comandos e nos moveres humanos. Portanto, basta que você decrete a minha derrota e a minha morte; e,  diabo atenderá você. Atenderá? Ah! Não! Pois Aquele que está em mim é maior do que todas as mandingas da Terra.
Entretanto, caso você duvide de mim e da Palavra, espere; e você verá se estarei “de fora”, batendo na porta “com choro e ranger de dentes”; ou, então, se será o oposto disso, vendo você como o Rico Indiferente ao Lázaro, euzinho aqui, sem justiça própria, porém confiado Naquele que me justifica, e que me dará lugar à mesa com Abraão e Paulo; os quais estarão conversando comigo.
Presunção? Ah! Não! É apenas a fé singela na Ressurreição!
Sim! Tudo por causa do Cristo da Ressurreição; a qual projetou a minha esperança Nele como uma âncora, para além de todos os véus de separação espiritual.
O sábio crerá. O tolo se rirá. Mas a eternidade vindicará aquele que anda na Verdade do Evangelho!
Nele, que é minha esperança em todas as vidas; seja no presente, seja no porvir, seja nesta vida, seja na morte que já foi tragada pela Ressurreição.
Caio Fábio

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