Amor às “Meninas de Turbante”
Projeto desafia à doação de cabelos para as vítimas do escalpelamento
Segundo a Santa Casa de Misericórdia do Pará, cerca de duas mulheres ribeirinhas, adultas ou crianças, são vítimas acidentais de escalpelamento no Estado. O acidente é considerado uma tragédia amazônica, e o Pará é palco de 90% dos casos.
As Jovens Cristãs em Ação (JCA), uma organização missionária da Primeira Igreja Batista do Pará, está promovendo o projeto “Por Amor às Ribeirinhas”, para, de alguma maneira, amenizar o sofrimento das vítimas.
O acidente é resultado da falta de segurança nas embarcações ribeirinhas. No meio do barco existe um motor que se conecta a hélice traseira através de um eixo exposto, girando em uma velocidade média de 1800 rotações por minuto. A tragédia acontece quando, por um descuido, os cabelos se enroscam nesse eixo e, em segundos, são violentamente arrancados unidos ao couro cabeludo. Em alguns casos, parte da pele do rosto e até mesmo as pálpebras e as orelhas são arrancadas.
O tratamento, além de longo e doloroso, não recupera por completo as lesões decorrentes do arrancamento das orelhas e pálpebras, ou seja, não faz com que os cabelos cresçam novamente. Além disso, apresenta um custo elevado: um único curativo, com o material necessário e o trabalho do cirurgião plástico, custa, em média, R$ 500.
As seqüelas não são somente físicas, mas também emocionais e psicológicas. ”Além das feridas físicas, existem grandes feridas emocionais e traumas psicológicos que ficam nas entrelinhas do sofrimento das vitimas do escalpelamento. Tanto sofrimento envolve o fato de que seus cabelos nunca mais crescerão, e as cicatrizes serão lembranças diárias de um momento terrível. A auto-estima e autoconfiança ficam abaladas, o que afeta diretamente seus relacionamentos e seus sonhos”, avalia Paula Oliveira, psicóloga e presidente da JCA da Primeira Igreja Batista do Pará (PIB-PA).
O projeto consiste na arrecadação de cabelos e também de ofertas para a confecção de perucas que serão doadas para as meninas hospedadas no ‘Espaço Acolher’ da Santa Casa de Misericórdia. “O que mais elas desejam, a primeira coisa que elas anseiam depois do acidente é ter uma peruca”, comenta Luzia Matos, Assistente Social do ‘Espaço Acolher’.
A iniciativa não se limita às perucas. “Há um longo período de tratamento e conseqüente afastamento de sua família, escola, trabalho, comunidade e necessidades de adaptação a uma nova rotina. É de extrema importância um acompanhamento psicológico adequado que possibilite a elas dar voz a esse sofrimento. Nossa intenção é também desmistificar a idéia do castigo divino ou da maldição, através de reflexões sobre a Bíblia Sagrada, a fim de esclarecer o incondicional amor de Deus por elas”, complementa Paula Oliveira.
O projeto mobilizou diversas jovens de Belém, que sensibilizadas pelo projeto doaram seus cabelos e propagaram a idéia através de telefonemas, e-mail e comunidades das redes sociais presentes no ciberespaço. Além disso, um vídeo promocional do projeto foi criado e disponibilizado na internet(Veja ao lado). O resultado foi a disseminação nacional do projeto. Pará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Brasília, Piauí e Paraíba abraçaram o projeto, e até o momento mais de 180 cabelos foram doados.
Entrega
Para a entrega das primeiras perucas uma programação especial está sendo montada para este mês.
por: Paula Oliveira
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